Cidade do Vaticano (RV) - Depois de mais de uma semana da conclusão da viagem
do Papa Bento XVI ao Líbano, voltou-se a falar do problema dos cristãos no Oriente
Médio. Em particular da diminuição dos cristãos na Terra Santa. Sobre essa questão,
a Rádio Vaticano conversou com Dom William Shomali, Bispo auxiliar do Patriarcado
de Jerusalém.
R. Digo com otimismo moderado que Deus não permitirá jamais
o desaparecimento dos cristãos da Terra Santa. Como prova do que digo, diante de mim
eu tenho um paradoxo: 160 anos atrás, quando os cristãos representavam 10% de toda
a Palestina – e isso segundo as estatísticas do Consulado francês daquela época, de
1848 – nós éramos somente 21 mil cristãos em toda a Terra Santa, e isso significa
Galiléia, área de Jerusalém e Belém; neste momento em que diminuímos e nos tornamos
2% de toda a Terra Santa – Israel, inclusive os Territórios palestinos – somos 180
mil, mais os 230 mil trabalhadores estrangeiros, mais os russos que emigraram. Portanto,
o número é paradoxalmente aumentado, apesar do percentual ter diminuido. Eu diria
que o Senhor não permitirá jamais o desaparecimento dos cristãos de Belém, Nazaré
e Jerusalém.
P. O que determina o êxodo dos cristãos da Terra Santa?
R.
Antes de tudo há a questão econômica, que obriga um cristão a partir em busca de
trabalho, para ele e para a sua família. A economia da Palestina foi também condicionada
pela situação política: a ocupação israelense, mas antes ainda, quando havia a administração
inglesa e a guerra civil; e antes ainda da guerra civil tínhamos o regime turco, que
certamente não era um regime fácil. Portanto, com o aumento da dificuldade da situação
econômica, tudo remou contra os cristãos. Mesmo se somos uma minoria, temos liberdade
religiosa e isso pode parecer um paradoxo, porque alguém poderia dizer, mas como?
Vocês foram agredidos em Latrun! Foram agredidos aqui e ali!... Isso é verdade, mas
também é verdade que se trata de eventos extraordinários, que não se verificam todos
os dias. Os grafites nos muros de uma igreja ou num cemitério desconsagrado aqui e
lá, são eventos excepcionais. Nós gozamos de uma completa liberdade religiosa. Os
motivos da partida dos cristãos são antes de tudo políticos e econômicos. (SP)