Castel Gandolfo (RV) - O Papa Bento XVI recebeu na manhã deste sábado, na Sala
dos Suíços, na residência Apostólica de Castel Gandolfo os 110 participantes do encontro
do Comitê Executivo da Internacional Democracia-Cristã.
No seu discurso o
Papa recordou que se passaram 5 anos do último encontro e neste tempo o compromisso
dos cristãos na sociedade continuou a ser vivaz fermento para melhorar as relações
humanas e condições de vida. Este compromisso não deve conhecer flexões ou limites,
mas ao contrário deve ser ampliado com renovada vitalidade, levando em consideração,
em certos casos, o agravamento dos problemas que enfrentamos.
Destaque cada
vez mais crescente – disse o Papa - assume a atual situação econômica, cuja complexidade
e gravidade justamente preocupa, mas diante da qual o cristão é chamado a agir e a
se exprimir com espírito profético, capaz de colher nas mudanças em andamento a incessante
e misteriosa presença de Deus na história, assumindo assim com realismo, confiança
e esperança as novas emergentes responsabilidades. “A crise obriga-nos a projetar
de novo o nosso caminho, a impor-nos novas regras e a encontrar novas formas de compromisso,
tornando-se assim uma oportunidade de discernimento e de novo planejamento”.
É
neste espírito, com confiança e sem desânimo – disse Bento XVI - que o compromisso
civil e político pode receber novo estímulo e impulso na busca de um sólido fundamento
ético, cuja ausência no campo econômico contribuiu para a atual crise financeira global.
A contribuição política e institucional que os senhores dão não poderá, portanto,
limitar-se a responder às necessidades urgentes de uma lógica de mercado, mas deve
continuar a assumir como central e essencial a busca do bem comum, como também a promoção
e proteção da inalienável dignidade da pessoa humana.
Em seguida o Papa afirmou
que, infelizmente são muitas e rumorosas as ofertas de respostas imediatas, superficiais
e de breve respiro às necessidades mais fundamentais e profundas da pessoa.
Os
âmbitos nos quais se exercita este deciviso discernimento são precisamente os concernentes
aos interesses mais vitais e delicados da pessoa, ali onde se fazem as escolhas fundamentais
inerentes ao sentido da vida e busca da felicidade. Tais âmbitos, por sua vez, não
são separados, mas profundamente ligados, e exite entre eles um contínuo respeito
da dignidade transcendente da pessoa humana, enraizada no seu ser imagem do Criador
e fim último de toda jusitça social autenticamente humana.
O resepeito pela
vida em todas as suas fases, desde a concepção ao fim natural – com consequente rejeição
do aborto procurado, da eutanásia e de toda prática eugenética – é um compromisso
que se entrelaça de fato com o do respeito pelo matrimônio, como união indissolúvel
entre um homem e uma mulher e como fundamento da comunidade de vida familiar.
É
na família, “fundada no matrimônio e aberta à vida”, que a pessoa experimenta a partilha,
o respeito e o amor gratuito, recebendo ao mesmo tempo – da criança enferma, ao ancião
– a solidariedade que necessita. E é ainda a família que constitui o principal e mais
incisivo lugar educativo da pessoa, através dos pais que se colocam ao serviço dos
filhos para ajudá-los a crescer da melhor forma possível. A família, célula originária
da sociedade, é portanto raíz que alimenta não só cada pessoa, mas também as bases
da convivência social.
E o Papa adverte: um autêntico progresso da sociedade
humana não poderá deixar de lado políticas de tutela e promoção do matrimônio e da
comunidade, políticas que cabem não só aos Estados mas também à Comunidade Internacional,
para inverter a tendência de um crescente isolamento da pessoa, fonte de sofrimento
e de insensibilidade seja para o indivíduo seja para a própria comunidade.
O
Papa chamou ainda a atenção para o fato de que “se é verdade que a defesa e a promoção
da dingidade da pessoa humana são responsáveis os homens e mulheres de qualquer conjunta
da história”, é também verdade que tal responsabilidade concerne de modo particular
àqueles que são chamados a desempenhar um papel de representação. Eles, se animados
pela fé, devem ser “capazes de transmitir às gerações futuras razões de vida e de
esperança”. (SP)