Belo Horizonte (RV)* - Os processos educativos são decisivos nos rumos e conquistas
de uma sociedade. Esta é uma convicção incontestável que deve incentivar o compromisso
de todos com o ensino. Cuidar da educação é tarefa da família, particularmente das
instituições educacionais, mas também dos clubes recreativos, empresas, institutos,
prefeituras, igrejas, meios de comunicação e até dos organizadores de uma simples
festa popular, realizada na rua de um bairro.
A condição determinante dos processos
educativos é uma compreensão que deve ser assumida em sentido de alerta, permanentemente,
motivando avaliações constantes, em todas as instâncias. Assim, são desenvolvidas
dinâmicas que qualificam pessoas e os diferentes segmentos da sociedade. Uma preparação
necessária para exercícios profissionais e cidadãos com resultados mais efetivos,
que são sustentáculos da justiça e da paz.
É verdade que os processos educativos
em curso na sociedade, nas instituições e instâncias todas, estão atendendo necessidades
e criando novas condições. Em se considerando a conjuntura econômica atual na sociedade
brasileira, as oportunidades de avanços e desenvolvimentos, não se pode deixar escapar
esse horizonte promissor. Em qualquer tempo, para cada um e para o conjunto da sociedade
também, valha como advertência aquele velho e sábio ditado: “cavalo arreado só passa
uma vez”.
Oportunidades perdidas trazem atrasos e prejuízos. Muitos são até
irreparáveis. É necessário ouvir sempre os analistas e críticos quanto às consequências
de descompassos nos processos educacionais, como retrocessos culturais e o alto preço
pago por defasagens na infraestrutura. Devemos ouvi-los, também, para saber o que
se pode ganhar a partir do desenvolvimento da educação, seja no campo econômico, cultural
e social. O exercício de escuta é indispensável para que a crítica e o debate de ideias
impulsionem posturas e comprometimentos mais adequados.
É exatamente devido
à falta desse necessário embate de ideias, do melhor conhecimento e tratamento da
realidade que a sociedade brasileira sofre com as carências no conjunto dos seus processos
educativos. No Brasil, onde esses processos são qualificados - graças a Deus, neste
cenário de déficit temos exemplos exitosos - o rendimento é notável, metas são alcançadas
e passos largos são dados no desenvolvimento e nas conquistas. É preciso avolumar
o coro das vozes que estão repetindo a antífona de que é preciso investimento e maior
qualificação nos processos educativos. Caso contrário, nossa sociedade não vai acompanhar,
nos diferentes âmbitos, a rapidez, a multiplicidade e as exigências próprias deste
terceiro milênio.
Não se pode continuar a perder por falhas na educação. Nas
dinâmicas do cotidiano, são imensuráveis os prejuízos de cidadãos que mantêm uma visão
acanhada, pouco proativa, gerando uma espécie de malemolência e a falta de ousadias.
O resultado é a incompetência para fazer frutificar o que se tem como oportunidade,
o que a natureza dá e o que a inteligência pode fazer.
Indispensável caminho
para alavancar os processos educacionais na sociedade é o investimento na formação
moral de todo cidadão. Neste sentido, o contexto atual presenteia a sociedade brasileira
com uma oportunidade ímpar para dar saltos qualitativos quanto à moralidade. O que
está acontecendo na Corte Suprema deve ser acompanhado e percebido como esperança
para superar dinâmicas de impunidade, aperfeiçoar funcionamentos que extirpem a corrupção,
nas suas mais intoleráveis situações.
É preciso estar atento para a relação
deste e de outros processos com a formação. Um autêntico desenvolvimento só pode ser
completo se incluir a educação moral. Por falta da moralidade, multiplicam-se os cenários
contrários ao bem e à verdade. A edificação da sociedade justa depende da educação
moral.
* Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte