Santa Sé em Viena: Segurança global não pode se basear nas armas nucleares
Viena (RV) - O Secretário das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti,
discursou em Viena, na Áustria, nesta segunda-feira, na 56ª Conferência Geral da Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA), em andamento até amanhã, dia 21.
O
arcebispo frisou que "só cultivando uma cultura de paz baseada na primazia do direito
e no respeito pela vida humana, é possível enfrentar de maneira séria os vários desafios
relativos ao renascimento nuclear".
Segundo Dom Mamberti, "a interdependência
entre desarmamento nuclear e a não-proliferação nuclear é um dos principais instrumentos
não só para combater o terrorismo nuclear, mas também para realizar concretamente
uma cultura da vida e da paz".
Para o prelado "a comunidade internacional deve
mostrar intenções visíveis e eficazes para a eliminação sistemática das armas nucleares.
Não pode ser considerado moralmente suficiente, reduzir os estoques de armas nucleares
supérfluos enquanto se modernizam os arsenais nucleares e se investem grandes somas
de dinheiro para garantir a sua produção futura e mantê-las".
A este respeito
o representante da Santa Sé confirmou o seu apoio ao Tratado de Não-Proliferação de
Armas Nucleares. "A segurança global não pode se basear nas armas nucleares" – disse
ele.
O arcebispo exortou a trabalhar para a entrada em vigor do Tratado de
Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT) e a criação de áreas livres de armas nucleares
também no Oriente Médio.
Dom Mamberti recordou que "cada passo na agenda de
desarmamento e não-proliferação deve ser fundamentado no valor da dignidade humana"
e reiterou que "a única maneira de garantir que essas armas não sejam novamente usadas
passa através de sua total, irreversível e verificável eliminação, sob controle internacional".
A segurança foi outra questão abordada pelo prelado. "O que aconteceu com
a usina em Fukushima, no Japão, revelou que uma crise nuclear local é de fato um problema
global. Por essa razão, a segurança energética e nuclear exige a adoção de medidas
técnicas apropriadas e legais, bem como ações e respostas no campo cultural e ético".
Concluindo
seu discurso, o arcebispo destacou o apreço da Santa Sé pelos programas AIEA de controle
do câncer e incentivou a agência a reforçar o programa de ação para a terapia do tumor.
(MJ)