Cidade do Vaticano (RV) - Ter falado de Deus em público em uma sociedade na
qual a religião é questão extremamente privada é um sucesso. O Cardeal Gianfranco
Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, falando à Rádio Vaticano
traça um balanço positivo do seu recente encontro em Estocolmo no âmbito do “Pátio
dos gentios”.
R. Encontrava-me não somente em um âmbito que é completamente
diferente do ponto de vista confessional em relação ao católico, o âmbito luterano,
mas sobretudo em um âmbito orgulhosamente laico, secularizado, onde explicitamente
o discurso religioso não faz parte do tecido normal da comunicação e é reservado somente
à intimidade das pessoas e ao âmbito estritamente eclesial. Pois bem, ali este “temor
e tremor” se dissolveu quase imediatamente por pelo menos duas razões: de um lado,
a acolhida que tiveram também aqueles que não são credentes foi muito intensa; de
outro, quisemos também uma presença, uma participação particularmente intensa também
da comunidade luterana”.
A impressão – continuou o cardeal - confirmou o que
eu tinha adquirido, através sobretudo da leitura da literatura contemporânea sueca.
“Em particular, eu encontrei ainda o elemento dominante, que é o elemento da secularização.
Aqui gostaria de dizer que o elemento mais desconcertante para eles é surpreendentemente
bem-sucedido era que âmbitos públicos e âmbitos diferentes entre eles, secularizados
de modo explícito, ou melhor totalmente laicos como a Academia das Ciência e também
um pouco o ambiente dos jovens de Fryshuset, tenham sido dominados pelos discursos
religiosos”.
Os discursos religiosos não devem ser feitos em público porque
são politica e culturalmente incorretos: ao invés, naquele caso, disse ainda Dom
Ravasi - os discursos foram feitos e personalidades de relevo da cultura sueca declararam
a sua fé ou o seu abandono da fé ou ainda a sua negação total de qualquer dimensão,
expondo-se em público, diante inclusive de seus colegas. “Esta foi a surpresa também
para mim: como me disse um interlocutor qualificado, - finaliza - jamais teria imaginado
que a romper este silêncio, ao redor dos temas religiosos, teria sido na Suécia precisamente
um cardeal católico”. (SP)