Charfet (RV) - Segue a resposta do Santo Padre durante o encontro ecumênico
realizado no Patriarcado sírio-católico de Charfet.
Santidade, Beatitude, Venerados
Patriarcas, amados Irmãos no Episcopado, Amados Representantes das Igrejas e das
Comunidades protestantes, Queridos irmãos!
É com alegria que me encontro
no meio de vós, neste mosteiro de Notre Dame de la Délivrance de Charfet, lugar sagrado
da Igreja Siro-Católica para o Líbano e todo o Médio Oriente. Agradeço a Sua Beatitude
Ignace Youssif Younan, Patriarca de Antioquia dos siro-católicos, pelas suas sentidas
palavras de boas-vindas. Saúdo fraternamente cada um de vós que aqui representais
a variedade da Igreja no Oriente e, em particular, Sua Beatitude Ignace IV Hazim,
Patriarca dos Greco-Ortodoxos de Antioquia e de todo o Oriente, e Sua Santidade Mar
Ignatius I Zakke Iwas, Patriarca da Igreja Siro-Ortodoxa de Antioquia e de todo o
Oriente. A vossa presença feliz confere solenidade a este encontro; de coração vos
agradeço por estarem entre nós. O meu pensamento vai também para a Igreja copta ortodoxa
do Egipto e a Igreja etíope ortodoxa, que vivem a tristeza da perda dos respectivos
Patriarcas. Asseguro-lhes a minha solidariedade fraterna e a minha oração.
Permiti-me
sublinhar aqui o testemunho de fé prestado pela Igreja siríaca de Antioquia ao longo
da sua gloriosa história, testemunho de amor ardente por Cristo que lhe fez escrever,
até aos nossos dias, páginas heróicas até ao martírio, permanecendo fiel à sua fé.
Encorajo-a a ser, para os povos da região, sinal da paz que vem de Deus e luz que
vivifica a sua esperança. Este encorajamento torno-o extensivo a todas as Igrejas
e comunidades eclesiais presentes nesta região.
Amados irmãos, o nosso encontro
desta tarde é um sinal eloquente do nosso profundo desejo de responder ao apelo do
Senhor Jesus: «Que todos sejam um» (Jo 17, 21). Nestes tempos instáveis e propensos
à violência que conhece a vossa região, é cada vez mais urgente que os discípulos
de Cristo dêem um testemunho autêntico da sua unidade, para que o mundo creia na sua
mensagem de amor, paz e reconciliação. É esta mensagem que todos os cristãos, e nós
em particular, recebemos a missão de transmitir ao mundo e que ganha um valor inestimável
no contexto actual do Médio Oriente.
Trabalhemos incessantemente para que o
nosso amor a Cristo nos conduza, pouco a pouco, à plena comunhão entre nós. Por isso,
através da oração e do compromisso comum, devemos retornar continuamente ao nosso
único Senhor e Salvador. Como escrevi na Exortação apostólica Ecclesia in Medio Oriente,
que tenho o prazer de vos oferecer, Jesus «une aqueles que acreditam n'Ele e O amam,
concedendo-lhes o Espírito de seu Pai e também Maria, sua Mãe» (n. 15).
Confio
à Virgem Maria cada um de vós, bem como os membros das vossas Igrejas e comunidades.
Que Ela interceda em nosso favor junto do seu divino Filho para que sejamos libertos
de todo o mal e de toda a violência, e que esta região do Médio Oriente conheça finalmente
o tempo da reconciliação e da paz. A frase de Jesus سَلامي أُعطيكُم (dou-vos a minha
paz)» (Jo 14, 27) – que citei várias vezes ao longo desta viagem – seja para todos
nós o sinal comum que daremos, em nome de Cristo, aos povos desta amada região que
aspira, com impaciência, pela realização deste anúncio! Obrigado!