2012-09-15 13:56:00

Papa aos líderes políticos e religiosos do Líbano: A liberdade religiosa tem uma dimensão social e política indispensável para a paz


Baabda (RV) - Bento XVI encontra-se, no Líbano, em sua 24ª viagem apostólica internacional.

Na manhã deste sábado, o pontífice encontrou-se no Palácio Presidencial, em Baabda, com os líderes das comunidades religiosas muçulmanas, e a seguir, com os membros do Governo e das Instituições da República, com o Corpo Diplomático, com os líderes religiosos e representantes do mundo da cultura.

O Santo Padre pediu a bênção de Deus para o Líbano e toda a região "que viu nascer grandes religiões e nobres culturas". Segundo o Papa, o que faz rico um país são as pessoas que nele vivem. "De cada uma e todas juntas, depende o seu futuro e a sua capacidade de se comprometer pela paz. Tal compromisso só será possível numa sociedade unida. No entanto, a unidade não é a uniformidade. O que assegura a coesão da sociedade é o respeito constante pela dignidade de cada pessoa e a participação responsável de cada um segundo as próprias capacidades, pondo a render o que há em si de melhor. A fim de assegurar o dinamismo necessário para construir e consolidar a paz, é preciso retornar incansavelmente aos fundamentos do ser humano. A dignidade do homem é inseparável do caráter sagrado da vida, que o Criador lhe deu" – sublinhou.

O Papa frisou que "no desígnio de Deus, cada pessoa é única e insubstituível". "Vem ao mundo numa família, que é o seu primeiro lugar de humanização e sobretudo a primeira educadora para a paz. Por isso, para construir a paz, a nossa atenção deve fixar-se sobre a família a fim de facilitar a sua tarefa, para assim a apoiar e consequentemente promover por toda a parte uma cultura da vida. A eficácia do compromisso a favor da paz depende do conceito que o mundo possa ter da vida humana. Se queremos a paz, defendamos a vida. Esta lógica desabona não só a guerra e as ações terroristas, mas também qualquer atentado contra a vida do ser humano, criatura querida por Deus".

O Papa abordou temas como o desemprego, a pobreza, a corrupção, a exploração, os tráficos ilícitos de toda a espécie e o terrorismo que causam sofrimento e enfraquece o potencial humano.

"A lógica econômica e financeira quer continuamente impor-nos o seu jugo e fazer prevalecer o ter sobre o ser. Mas cada vida humana que se perde é uma perda para a humanidade inteira. Esta é uma grande família, da qual todos somos responsáveis. O único antídoto para tudo isto é uma solidariedade efetiva: solidariedade para rejeitar o que impede o respeito por todo o ser humano, solidariedade para apoiar as políticas e iniciativas que visam unir os povos de forma honesta e justa. É bom ver as ações de cooperação e de verdadeiro diálogo que constroem uma nova maneira de viver juntos" – destacou Bento XVI.

O Papa destacou a importância de educar as novas gerações a um futuro de paz, educar para a paz, construir uma cultura de paz. "A educação, na família ou na escola, deve ser, antes de mais nada, educação para os valores espirituais que conferem à transmissão do saber e das tradições duma cultura o seu sentido e a sua força. A consolidação duma cultura de paz tem este preço. Pensamentos de paz, palavras de paz e gestos de paz criam uma atmosfera de respeito, honestidade e cordialidade, onde os erros e as ofensas podem ser reconhecidos com verdade, para avançar juntos rumo à reconciliação. Peço aos estadistas e aos responsáveis religiosos que reflitam nisto" – disse o pontífice.

Enfim, o Papa recordou que a liberdade religiosa é um direito fundamental. "Para toda e qualquer pessoa deve ser possível professar e viver livremente a própria religião sem pôr em perigo a sua vida e liberdade. A liberdade religiosa tem uma dimensão social e política indispensável para a paz: promove uma coexistência e uma vida harmoniosas através do compromisso comum ao serviço de causas nobres e na busca da verdade que não se impõe pela violência, mas pela «sua própria força», aquela Verdade que é Deus" – disse ainda.

"Estas breves reflexões sobre a paz, a sociedade, a dignidade da pessoa, sobre os valores da família e da vida, sobre o diálogo e a solidariedade não podem permanecer ideais simplesmente enunciados; podem e devem ser vividos. Estamos no Líbano e é aqui que devem ser vividos. O Líbano é chamado, agora mais do que nunca, a ser um exemplo" – concluiu Bento XVI. (MJ)







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