Papa aos jovens do Oriente Médio: "Façam a revolução do amor". A saudação à Síria
Bkerké (RV) – Uma multidão em festa acolheu Bento XVI para seu último compromisso
este sábado em terras libanesas: o encontro com os jovens do Líbano e do Oriente Médio
no Patriarcado Maronita de Bkerké.
Tratou-se de um encontro como “de pai para
filho”, aberto e franco, em que os jovens libaneses falaram sem máscaras dos problemas
e dos desafios que os angustiam; Bento XVI os ouviu e os aconselhou, dirigindo-lhes
uma palavra de esperança.
O encontro se realizou em forma de Celebração da
Palavra. Teve início com a saudação do Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Béchara
Boutros Rai, e do Arcebispo de Saida dos Greco-melquitas, Dom Elie Haddad, que garantiu
a presença de um grupo de jovens do Oriente Médio na Jornada Mundial da Juventude
no Rio de Janeiro, em 2013, evento para o qual já estão se preparando.
A seguir,
foi a vez do testemunho dos jovens: “Nós, jovens do Oriente Médio, estamos hoje mergulhados
em um mar de dificuldades, de apreensões e de temores”, disseram a Bento XVI.
Eles
falaram de conflitos, de ódio, de sofrimento, de desemprego, de falta de perspectivas,
de emigração. Diante da realidade, o anseio: “Aspiramos à paz e sonhamos com um futuro
sem guerras; um futuro onde desempenharemos um papel ativo, onde trabalharemos com
nossos irmãos, jovens de diferentes religiões, construindo a civilização do amor,
edificando pátrias onde os direitos do homem e sua liberdade são respeitados, onde
sua dignidade é protegida.”
Nós, jovens da Igreja de hoje, queremos ser um
sinal de esperança para toda a região, e testemunhar o amor de Deus, que é mais forte
que a morte.
Ao Papa, eles garantiram sua fé e sua confiança na Igreja, que
são grandes apesar dos desafios e das crises.
“Nós lhe pedimos que vele sempre
sobre a Juventude do Líbano e do Oriente Médio, que seja uma fonte constante de apoio
e de encorajamento para que nós continuemos nossa missão nesta região.”
A presença
de Bento XVI no Líbano, a despeito das nossas circunstâncias, é um desafio à lógica
da guerra e do desespero; ela é um sinal de paz e de esperança.
O Pontífice,
por sua vez, não deixou os jovens desiludidos. Declarou-se consciente das dificuldades
que devem enfrentar devido à falta de estabilidade e segurança. Todavia, este contexto
não deve impelir a juventude a provar o «mel amargo» da emigração, com o desenraizamento
e a separação em troca dum futuro incerto.
Bento XVI garantiu que os jovens
ocupam um lugar privilegiado no seu coração e na Igreja inteira, porque a Igreja é
sempre jovem. "Sede jovens na Igreja. Sede jovens com a Igreja."
Citou as palavras
de seu predecessor: "Não tenhais medo! Abri as portas de vossas almas e de vossos
corações a Cristo". Nele, encontrarão a força e a coragem para avançar nos caminhos
da sua vida, superando as dificuldades e o sofrimento.
As frustrações presentes
não devem levar a buscar refúgio em mundos paralelos, como por exemplo o mundo das
drogas de todo o tipo ou o mundo triste da pornografia. Quanto às redes sociais, são
interessantes, disse o Papa, mas podem, com facilidade, levar à dependência e à confusão
entre o real e o virtual. Outra tentação é representada pelo dinheiro. Ponham de lado
o que é ilusório, aparência e mentira.
Sede os portadores do amor de Cristo.
Fazei a revolução do amor. É bom comprometer-se com os outros e pelos outros. A fraternidade
é uma antecipação do Céu. Sede os mensageiros do Evangelho da vida e dos valores da
vida; resisti corajosamente a tudo o que a nega: o aborto, a violência, a rejeição
e o desprezo do outro, a injustiça, a guerra. O perdão e a reconciliação são caminhos
de paz, e abrem um futuro.
Sobre a Exortação apostólica Ecclesia in Medio
Oriente, assinada esta sexta-feira, o Pontèifice recordou que esta carta destina-se
"também a vós, queridos jovens. Procurai lê-la com atenção e meditá-la, para a pôr
em prática".
Nas saudações finais, o Papa recordou os milhões de pessoas que
formam a diáspora libanesa e mantêm laços sólidos com o seu país de origem. Saudou
ainda os jovens muçulmanos que também estavam presentes esta tarde. “Com os jovens
cristãos, sois são o futuro deste país maravilhoso e de todo o Médio Oriente. Procurai
construi-lo juntos! É preciso que o Oriente Médio inteiro, pondo os olhos em vós,
compreenda que os muçulmanos e os cristãos, o Islã e o Cristianismo, podem viver juntos,
sem ódio e no respeito das crenças de cada um, para construírem juntos uma sociedade
livre e humana”.
Antes da oração dos féis e do Pai-Nosso, Bento XVI saudou
outro grupo presente neste encontro: jovens vindos da Síria. “Quero dizer-vos o quanto
admiro a vossa coragem. Dizei em vossa casa, aos vossos familiares e aos vossos amigos
que o Papa não vos esquece. Dizei ao vosso redor que o Papa está triste por causa
dos vossos sofrimentos e lutos. Não esquece a Síria nas suas orações e preocupações.
Nem esquece as populações do Médio Oriente que sofrem. É tempo que muçulmanos e cristãos
se unam para pôr termo à violência e às guerras”.