2012-09-14 17:17:46

"Importar ideias de paz e criatividade em vez de armas" - Papa aos jornalistas durante voo


No voo que o levava ao Líbano, o Papa falou com os jornalistas a bordo. Uma conversa centrada sobre o dialogo com o islão, a primavera árabe, os temores pela situação dos cristãos na Síria e no Médio Oriente em geral, o apoio que a Igreja católica e os fieis do resto do mundo lhes pode dar….

Bento XVI começou por exprimir a sua alegria por poder falar com os jornalistas para depois passar a responder a uma pergunta relativa aos ventos que tinha havido de que poderia renunciar a esta viagem devido à difícil situação no Médio Oriente…

“ Nunca ninguém me aconselhou a renunciar a esta viagem e eu nunca admiti esta hipótese, porque sei que quando a situação fica mais complicada é ainda mais necessário dar um sinal de fraternidade, de coragem e de solidariedade. Então, o objectivo da minha viagem é convidar ao diálogo, convidar à paz contra a violência, trabalhar juntos para encontrar a solução dos problemas. Os meus sentimentos são sobretudo de reconhecimento por poder visitar neste momento este grande país, um país que - como disse João Paulo II - é uma mensagem de encontro nesta região para as três religiões (…). Sinto-me feliz e estou certo de que podemos fazer um serviço real para o bem do homem e da paz”.

Respondendo a uma outra pergunta sobre o imperativo do dialogo com o Islão sobretudo hoje num contexto de crescimento do fundamentalismo, o Papa sublinhou que “o fundamentalismo é sempre uma falsificação da religião” religião que convida, pelo contrário, à paz de Deus. Por isso, “o empenho da Igreja e das religiões” – observou – “é o de realizar uma purificação dessas tentações, iluminar as consciências e fazer com que cada um tenha bem clara a imagem de Deus”.

Foi também muito incisivo o convite do Papa à tolerância, sem a qual – disse, não há verdadeira liberdade. A propósito da primavera árabe e das ameaças para a sobrevivência dos cristãos, minorias naquelas áreas, Bento XVI sublinhou que o desejo duma maior democracia, liberdade, cooperação é de per si positivo, é um “progresso”, mas só poderá crescer na partilha, na vida em conjunto com regras. Devemos fazer todo o possível a fim de que “o conceito de liberdade, o desejo de liberdade vá na justa direcção e não deixe de lado a tolerância, a reconciliação, elementos fundamentais da própria liberdade”.

No que toca à situação na Síria, Bento XVI disse aos jornalistas que é necessário promover todos os gestos possíveis, mesmo materiais a fim de levar ao fim da guerra e da violência. É “grande”, disse, o perigo de os cristãos se afastarem destas terras, embora – disse – mesmo os muçulmanos estejam a fugir delas. “Uma ajuda fundamental seria, portanto, pôr fim à violência” – rematou o Papa frisando que o papel da Igreja é difundir a mensagem da paz, esclarecer que a violência não resolve os problemas e que importante neste sentido é também a tarefa dos jornalistas. Daí o seu apelo:

“Em vez de importar armas, que é um pecado grave, deveríamos importar ideias, a paz, a criatividade, aceitar os outros na sua diversidade, tornar visível o respeito recíproco das religiões, o respeito pelo homem como criatura de Deus, o amor do próximo como elemento fundamental para todas as religiões.”

Interpelado sobre os passos concretos do mundo ocidental em relação aos irmãos no Médio Oriente, o Papa afirmou que todos são chamados a contribuir. “É necessário” – especificou - “influir sobre a opinião todos os meios e possibilidades tendentes à paz”. “Gestos visíveis de solidariedade, jornadas de oração pública, podem ter efeitos reais” – disse. Num certo sentido “o nosso – concluiu o Papa – “é um trabalho extremamente necessário de advertência, de educação, de purificação.”








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