Cardeal Tauran sobre visita do Papa ao Líbano: diversidade não é perigo, mas riqueza
Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI inicia nesta sexta-feira a 24ª viagem apostólica
internacional de seu Pontificado, viagem esta que o levará ao Líbano, onde entregará
a Exortação apostólica pós-sinodal "Ecclesia in Médio Oriente". Sobre a viagem do
Papa ao País dos Cedros e a mensagem que levará também a todo o Oriente Médio a Rádio
Vaticano ouviu o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso,
Cardeal Jean-Louis Tauran. Eis o que disse:
Cardeal Jean-Louis Tauran:-
"Diria que o Papa, indo ao Líbano, recordará que a diversidade, a pluralidade não
é sinônimo de perigo, pelo contrário, é uma riqueza e isso se vê muito bem no diálogo
ecumênico e no diálogo inter-religioso, duas realidades muito vivazes no Líbano. A
Exortação apostólica quer dar a mensagem que viver juntos não é uma utopia, mas é
uma vocação e, de fato, o tema do Sínodo era "Comunhão e testemunho" e havia uma referência
à primeira comunidade cristã."
RV: Esta presença do Papa no Líbano é, portanto,
um chamado à comunhão...
Cardeal Jean-Louis Tauran:- "À comunhão
entre cristãos e ao diálogo com os não-cristãos. Diria que este é o Líbano! Isso se
deve ao fato que muçulmanos, cristãos, drusos, todos vão à escola juntos, têm os mesmos
livros, os mesmos professores e daquilo que vi quando estive lá – quatro anos e meio
durante a guerra civil –, foi a escola que fez o Líbano: foi a educação. Essa abertura,
única naquela parte do mundo, deve ser salvaguardada."
RV: Alguns veem uma
dimensão política dessa viagem, com referência ao que está acontecendo no Oriente
Médio...
Cardeal Jean-Louis Tauran:- "A viagem do Papa é uma viagem
apostólica e, portanto, não vai levar soluções aos problemas políticos. Os problemas
no Oriente Médio não são causados pela religião, mas têm sempre uma dimensão religiosa.
Isso faz parte da cultura das populações daquela parte do mundo. Certamente deverão
ser também recordados os grandes princípios do direito internacional, os direitos
do homem, como a liberdade e também a liberdade de religião, que penso que será evocada
na Exortação apostólica." (RL)