Angola recorda Agostinho Neto nos 90 anos do seu nascimento
Se estivesse vivo faria agora 90 anos de idade. António Agostinho Neto, uma das principais
figuras da luta de libertação de Angola e primeiro Presidente do país, nasceu, de
facto, a 17 de Setembro de 1922 no distrito de Luanda, tendo falecido a 10 de Setembro
de 1977 em Moscovo, para onde se tinha deslocado para curas médicas.
Médico,
político e poeta, esta grande figura da História da África é recordada no seu país
e no estrangeiro com uma série de importantes eventos iniciados no dia 10 deste mês
e se prolongam até ao próximo dia 17, envolvendo entre outros estudiosos, cerca de
40 historiadores, um dos quais o Dr. Simão Souindoula, membro do Comité Científico
do Projecto da UNESCO “A Rota do Escravo” .
Um dos momentos altos das comemorações
é a apresentação, neste dia 12, em Mbanza Kongo, no Norte de Angola, do compendio
de cinco volumes intitulado “Agostinho Neto e a Libertação de Angola, 1949-1974,
Arquivos da PIDE-DGS”. A obra que se baseia, como diz o título, sobretudo em material
de arquivo da polícia secreta portuguesa de então, a PIDE, vai ser apresentada também
em Lisboa, Porto e Coimbra, assim como na capital italiana, onde a apresentação terá
lugar no dia 17, às 11 horas, na Universidade de Roma “La Sapienza”. Para além disso,
a Embaixada de Angola em Roma projecta amanhã, 13, na sua sede, às 18 horas, o filme
“A vida e obra do Dr. Agostinho Neto – O Médico, Poeta e Político”. E no dia
14 organiza um colóquio/almoço alusivo à essas duas efemérides: 90 anos de nascimento
e 35 anos da morte de António Agostinho Neto, que era filho de Agostinho Neto, pastor
metodista e professor, e de Maria Silva Neto, também ela professora.
Em 1948
o líder angolano transferiu-se para Lisboa, onde se inscreveu em Medicina. Ali tem
contactos seja a nível literário que politico com outras figuras dos países africanos,
como Amílcar Cabral (Guiné/Cabo Verde), Marcelino dos Santos (Moçambique) com os quais
viria, em 1970, a ser recebido pelo Papa Paulo VI, no Vaticano, no âmbito da luta
pela independência das então colónias de Portugal em África.
Tendo abraçado
desde cedo a luta de libertação e chefiado o MPLA, Agostinho Neto, foi diversas vezes
preso pela PIDE e chegou mesmo a ser exilado em Cabo Verde, onde, acabou por ficar
na memória da população da montanhosa ilha de Santo Antão como um médico excepcional.
Hoje o principal Hospital do país traz o seu nome. A luta levá-lo-ia a residir na
actual República Democrática do Congo e depois no Congo Brazzavile, e na Tanzânia,
até que pôde regressar a Angola. Foi um dos signatários dos Acordos de Alvor que,
depois do 25 de Abril, abriu caminho para a independência de Angola, tendo com o 11
de Novembro de 1975 (data da independência) assumido a presidência do país.
As
actividades com que os 90 anos do seu nascimento são recordados incluem uma grande
marcha ao seu Mausoléu, em Luanda (foto), espectáculos de música e dança, passeatas
motorizadas, aulas abertas nas escolas primárias também em relação à obra da sua esposa,
Maria Eugénia (“A Trepadeira que queria ver o céu azul”) campanhas de educação rodoviária,
testagem voluntária do HIV-SIDA, etc. Enfim, tudo o que pode levar a uma Angola risonha
e asseguradora de uma vida digna para todos os seus filhos, precisamente como sonhava
Agostinho Neto. Muitas dessas actividades têm lugar em Catete, terra natal do “Sekulo”
(o ancião) como os angolanos chamam, afectivamente , o seu grande Herói.