Igreja Católica ao lado dos pescadores ameaçados por usina nuclear
Nova Déli (RV) - Milhares de moradores de Kudankulam e das localidades próximas
prosseguem protestando contra a instalação de um novo reator da usina nuclear nessa
região do estado indiano de Tamil Nadu.
Em improvisadas tendas, e a apesar
do mau tempo imperante na região, ativistas do Movimento Popular contra a Energia
Nuclear (Pmane) disseram que vão ficar na praia próxima à central atômica até que
suas exigências sejam atendidas.
Durante mais de um ano, os vizinhos vêm pedindo
ao governo central e estadual que interrompa as obras, por considerar insuficientes
as condições de segurança na usina e que poderiam ser vítimas de um desastre similar
ao de Fukushima, Japão, em março de 2011.
Quatro mil pessoas, entre elas mulheres
e crianças, de oito povoados próximos a Kudankulam, têm comparecido à praia cotidianamente
para protestar. Elas ficam em um acampamento com bandeiras brancas, para deixar claro
o caráter pacífico da demonstração.
A Igreja Católica se uniu ao protesto,
e segundo o Padre X. D. Selvaraj, esta situação “está se transformando em uma crise
humanitária de grandes dimensões. Os mais pobres são os mais atingidos pelo que está
acontecendo”. Há mais de um ano, o padre luta ao lado do povo local para deter a construção
do novo reator.
Falando dos moradores, ele diz que “há quase 400 dias, os
pescadores sofrem fome e miséria, não saindo para pescar e continuando o protesto
pacífico contra a usina de Kudankalam. Está em jogo o direito à vida e à sobrevivência,
pois eles não saem mais ao mar”.
Inicialmente concebida em 1988, a usina,
de fabricação russa, deveria ter entrado em operação em 2011, mas manifestantes cercaram
a propriedade após o terremoto e o tsunami destruírem a usina nuclear em Fukushima,
Japão, espalhando radiação e forçando a evacuação em massa.
“As pedem aos políticos
que ouçam sua reivindicação, mas nem o Estado e nem o Governo central estão dispostos
a fazê-lo. O único objetivo é abrir a usina nuclear”.
A Índia é o quinto país
do mundo em geração de eletricidade, mas sua baixa produção per capita obriga dezenas
de milhões de pessoas a acender velas de azeite quando cai a noite, e os frequentes
cortes de fornecimento causam à economia enormes perdas. (CM)