Venezuela: Igreja toma posição em caso dos Yanomami
São Paulo – A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu ao governo
da Venezuela que investigue o suposto massacre de 80 índios Yanomami, que teria ocorrido
em julho passado na comunidade Irotatheri, no município de Alto Orinoco, na Amazônia
venezuelana, fronteira com o Brasil.
Segundo três índios ouvidos pela comissão,
que pertence à Organização dos Estados Americanos (OEA), e pela Survival International,
entidade internacional de defesa aos direitos dos povos, os tripulantes de um helicóptero
que sobrevoou a aldeia teriam disparado contra todos, incluindo crianças e idosos.
A denúncia partiu da ONG HOY (Horonami Organização Yanomami).
Após a notícia
do massacre de 80 indígenas, o governo venezuelano enviou ao local a ministra venezuelana
para Povos Indígenas, Nicia Maldonado, que declarou que nenhuma evidência foi encontrada.
Segundo o ministro do Interior e da Justiça, Tareck el Aissami, a comissão investigativa
não constatou sinais de violência.
Em nota, a CIDH denuncia que as investigações
não foram eficazes. Segundo a Coordenação de Organizações Indígenas do Amazonas, a
comissão não chegou a visitar a comunidade de Irotatheri. Também o Vigário Apostólico
de Puerto Ayacucho, Dom José Angel Divassón Cilveti, evidenciou que “não basta sobrevoar
a área, porque do alto não se consegue ver nada. É preciso chegar ao lugar onde este
povo mora”. O Bispo reiterou que “é necessário esclarecer plenamente a situação”.
A
nota da CIDH ressalta que a Venezuela está obrigada, pelo direito internacional, a
proteger a vida e a integridade dos membros do povo Yanomami, frente aos ataques que
sofrem por parte de terceiros, interessados nos recursos naturais existentes em seus
territórios.
Segundo o Vigário Apostólico, “existem também outras comunidades
em risco com a presença de 'garimpeiros', que passam do Brasil à Venezuela para a
atividade mineraria, com todas as consequências contra o ambiente: contaminação das
águas, violência e doenças. Com efeito, muitos Yanomami morreram de tuberculose, contraída
porque são frágeis” – afirma o Bispo. A denúncia deste massacre foi apresentada por
organismos de defesa dos índios. Já em 1993 um ataque de garimpeiros à comunidade
Haximù, em território venezuelano, causou a morte violenta de 16 indígenas e criou-se
um problema internacional.