Acolhei e anunciai com força renovada a mensagem de Cristo: Papa ao Congresso Panafricano
dos Leigos
Depois do acolhimento dos participantes congregados em Yaoundé, provenientes de várias
partes da África, arrancaram neste dia 5 os trabalhos propriamente ditos do Congresso
panafricano do Leigos Católicos que se vai prolongar até domingo. O tema é, como vos
recordareis, “Testemunhas de Jesus Cristo na África de Hoje: sal da terra, luz do
mundo”.
Numa mensagem dirigida aos participantes, o Papa estabelece uma relação
entre o tema escolhido para este congresso e a Exortação pós-sinodal “Africae Munus”,
onde – frisa – “quis oferecer algumas linhas teológicas e pastorais para o caminho
da Igreja no continente africano”. Bento XVI exprime o desejo de que esta exortação
sirva de guia sobretudo no anuncio do Evangelho através do empenho de todo o povo
de Deus. “É por isso - escreve - que “tive grande alegria em saber desta iniciativa
do Congresso Panafricano dos Leigos”.
O Papa voltou a pôr em evidência as
riquezas espirituais que fazem da África “O continente da Esperança” como o amor
à vida, o sentido da partilha, a fé, valores que – diz - lhe ficaram impressos nas
suas viagens à África. Mas não deixa de chamar atenção também para as dificuldades
e ameaças a estes valores tradicionais. Ameaças que se prendem com a secularização,
e que levam a desorientação, lacerações no tecido pessoal e social, exasperação do
tribalismo, violência, corrupção na vida pública, humilhação e exploração de mulheres
e crianças, crescimento da miséria e da fome. A tudo isto – continua o Papa – junta-se
a sombra do terrorismo fundamentalista que, recentemente, fez das comunidade cristãs
alvo em vários países africanos.
Perante esta situação, o Papa recomenda aos
africanos a “não deixarem nunca que a obscura mentalidade relativista e niilista”
que atinge várias partes do mundo, tenham espaço na realidade da África. “Acolhei
e difundis com força renovada a mensagem de alegria e de esperança trazida por Cristo,
mensagem capaz de purificar e reforçar os grandes valores das vossas culturas” – exorta
na sua mensagem.
O Papa serve-se depois da figura da santa africana, Josefina
Bakhita para mostrar como “o encontro com o Deus de Jesus Cristo seja capaz de transformar
profundamente todo e qualquer ser humano, mesmo nas condições mais pobres”. “O encontro
com Cristo – continua - dá o ímpeto para ultrapassar as dificuldades aparentemente
mais difíceis de ultrapassar. Esta é a experiência de Santa Bakhita, mas também a
de tantos jovens africanos” que são felizmente a maioria em África - faz notar o Papa
- e que são chamados a viver hoje no fiel seguimento do Senhor.
Fazer da África
“Continente da Esperança” é um empenho que deve orientar a missão dos fieis leigos
africanos hoje, precisamente como se está a fazer neste Congresso de Yaoundé, refere
Bento XVI. Um empenho que vai de encontro ao Ano da Fé que está para iniciar e a quanto
o próprio Papa recordou durante a sua visita ao Benin, isto é, que “todos quantos
receberam o maravilhoso dom da fé, têm a missão de a transmitir aos outros”, até porque
a fé se reforça, dando-a – diz o Papa citando o seu predecessor João Paulo II.
Por
fim o Papa, retomou as palavras de Paulo VI, fiel interprete de Concilio Vaticano
II para dizer que “evangelizar para a Igreja é levar a Boa Nova a todos as camadas
da humanidade e, com o seu influxo, transformar de dentro, tornar nova a própria humanidade”.