2012-09-02 12:37:50

A morte do Cardeal Martini - insigne pastor e caro irmão, serviu generosamente o Evangelho e a Igreja


(01/09/2012) Profundo pesar na Igreja, e não só, devido ao falecimento do Cardeal Carlo Maria Martini que faleceu ontem dia 31 de Agosto com 85 anos numa Casa dos Jesuítas na Lombardia não muito longe de Milão, Diocese da qual foi Arcebispo durante 22 anos (1979-2002).
"Pensando com afeto a este caro irmão que serviu generosamente a o Evangelho e a Igreja" - escreve o Papa num telegrama enviado ao Cardeal Angelo Scola - "recordo com gratidão a sua intensa e profusa obra apostólica, qual zelador religioso filho espiritual de Santo Inácio, experimentado docente, biblista influente e apreciado reitor da Pontifícia Universidade Pontifícia e do Pontifício Instituto Bíblico, e portanto como sábio Arcebispo de Milão".
Bento XVI sublinha também o "competente serviço" desenvolvido por este "insigne pastor" à Palavra de Deus, "abrindo sempre mais à comunidade eclesial os tesouros da Sagrada Escritura, especialmente através da promoção da lectio divina". Na mensagem o Papa recorda também a longa enfermidade do Cardeal Martini por ele vivida segundo as palavras do Papa "com animo sereno e com confiante abandono à vontade do Senhor". As exéquias do cardeal Martini serão celebradas Segunda-Feira dia 3 pelas 16.00h na Catedral de Milão. Hoje o corpo será exosto na Catedral a partir das 12.00h.
O Cardeal Martini nasceu em Turim a 15 de Fevereiro de 1927. Entrou na Companhia de Jesus apenas com 17 anos e foi ordenado presbítero com 25 anos - no dia 13 de Julho passado tinha celebrado o Sexagésimo aniversário da sua ordenação - tornou-se primeiro reitor do Pontifício Instituto Bíblico e depois da Pontifícia Universidade Gregoriana. João Paulo II nomeia-o Arcebispo de Milão em 1979 função que desempenha até 2002 ano em que o faz Cardeal. Insigne biblista entre as suas iniciativas mais importantes recordamos a introdução na Diocese da "Escola da Palavra" para aportaros leigos à Sagrada Escritura com o método da Lectio Divina. Ouçamos as declarações do próprio Cardeal Martini em 2005 ao jornalista Fabio Colagrande em que apresenta a sua relação com a Palavra de Deus:

"Diria que é uma necessidade e também uma luta, um pouco como Jacob luta com o Anjo, porque a Palavra é sempre superior a nós, a Palavra - de alguma forma esmaga-nos, julga-nos e que nos toca e nos inflama interiormente. Portanto, não é nunca um discorrer tranquilo com a Palavra; é um escutá-la para ser continuamente abalados e mudados interiormente."

Entre as outras iniciativas, o grande Encontro Diocesano de Assago em 1986 sobre o tema do "Fazer-se Próximo", de onde nascem as escolas de formação ao empenho social e político. Célebre também a Cátedra dos Não Crentes que quis em Milão para encontrar pessoas à procura da verdade. Um diálogo que considerava muito importante:

Sim, é um diálogo muito importante. Eu fá-lo evidentemente, antes de mais, aos não crentes que, contudo, pensam, refletem, têm um forte sentido de responsabilidade, uma consciência dos valores; com eles aprendi certamente muito. É preciso continuar a dialogar para reconhecer os desejos profundos do coração humano, e portanto ajudar cada um a encontrar a sua plena autenticidade."

Terminada a sua experiência em Milão, o Cardeal Martini recomeça os seus estudos bíblicos vivendo em Jerusalem sem descurar o seu empenho com o diálogo entre as religiões. Esta um seu testemunho de 2005:

"Eu sou testemunha em Jerusalem de muitas iniciativas de diálogo entre hebreus, cristãos e muçulmanos. São muitos os gestos de boa vontade, de atenção recíproca, ainda que infelizmente não sejam conhecidos da opinião pública e portanto não são valorizados como deveriam pelo poder político. Mas, há promessas para um diálogo real que certamente trará resultados positivos: esperamos muito por isso!"







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