Juiz de Fora (RV) - No dia seguinte à partilha dos pães com a multidão, na
montanha, dirigindo-se àqueles que vinham a Ele, Jesus propõe, a partir da imagem
do maná do deserto. Que trabalhem, “não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento
que permanece para a vida eterna”. É a rejeição do empenho a acumular bens e riquezas
neste mundo, mas trabalhar nas obras do Pai, que são a promoção de vida. A seguir,
Jesus se proclama como o pão descido dos céus, dado como alimento para a vida do mundo,
completando com a declaração: “Quem como deste pão viverá eternamente”. Tal proclamação,
que revela a origem divina de Jesus, provoca incompreensão e murmurações entre os
judeus. Agora, são os próprios discípulos que, também murmuram por causa destas
palavras. Estes são os que esperam de Jesus sinais de poder e são insensíveis aos
seus sinais de amor e compaixão. João, no seu evangelho, narra então, o diálogo
de Jesus com os discípulos e com Pedro, concluindo o longo discurso que tem como tema
o pão da vida eterna. Jesus lhes afirma: “O Espírito é que dá vida. A carne para nada
serve. As palavras que vos falei são espírito e vida”. No prólogo do evangelho
de João, temos o anúncio de que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. A encarnação
é grandiosa na revelação da carne unida perfeitamente ao Espírito de Deus, em Jesus.
E é o Espírito que dá vida que vem do Pai e leva ao Pai. A comunhão com a vida, neste
mundo, é a comunhão com o Espírito, na vida eterna de Deus. As palavras de Jesus “são
Espírito e são vidas”. Ir a Jesus, por dom do Pai, é viver o amor e a unidade em todas
as situações de nossa vida, em comunhão com todos, principalmente com os mais fracos
e excluídos, conscientes de que somos todos membros do corpo de Cristo. Contrastando
com aqueles que abandonaram Jesus, temos a expressiva confissão de fé de Pedro, que
se torna uma oração para nós: “A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida
eterna...” + Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG).