Bispos de Moçambique alertam para maior democracia no país e a que os megaprojectos
não se tornem num pesadelo
A Conferência Episcopal de Moçambique denuncia numa nota pastoral as "práticas autoritárias"
nos partidos políticos do país e considera que a paz e a democracia podem estar em
perigo. O alerta é deixado na Nota pastoral intitulada “Construir a Democracia
para perseverar a Paz” endereçada neste mês de Agosto pelos bispos do país a todas
as pessoas de boa vontade. “Não estaremos nós diante de um paradoxo de partidos que
retoricamente se declaram defensores da democracia, mas efectivamente, na sua práxis
interna e habitual, são autoritários?", pergunta o episcopado. O texto alusivo à celebração
dos 20 anos do Acordo Geral de Paz, assinado no dia 4 de outubro de 1992 em Roma,
questiona se “não estarão ameaçadas a democracia e a paz”. Para a CEM, a dinâmica
dos partidos políticos moçambicanos, ou "uma boa parte deles", é imposta pelas lideranças,
em detrimento do livre pensamento. "Não terão muitos membros dos partidos políticos
medo de expressar a própria opinião, quando difere da elite dirigente?", indagam os
bispos católicos moçambicanos. Os prelados lançam também um olhar sobre a vaga de
descobertas de recursos minerais em Moçambique e manifestam-se preocupados com o risco
de essa riqueza se poder converter em "pesadelo"."Se vierem a faltar a sabedoria,
a prudência e políticas justas e clarividentes na sua exploração, os recursos naturais
podem tornar-se em pesadelo", alerta a CEM, na nota a que mais relevo no nosso programa
de sexta-feira para a África.