Conselho Indigenista Missionário, 40 anos junto aos povos nativos
Miracema (RV) - A Assembleia do Regional Goiás/Tocantins publicou uma mensagem
em celebração aos 40 anos do Cimi, Conselho Indigenista Missionário.
“À beira
do rio Tocantins, em Miracema (TO), bispos, missionários e missionárias, indígenas
dos Estados de Goiás e Tocantins, nos reunimos para celebrar os 40 anos de uma nova
forma de presença, luta e testemunho missionário junto aos povos indígenas.
Foi
um grande momento de agradecimento e louvor ao Deus da Vida pela caminhada esperançosa
de quatro décadas junto aos povos indígenas.
A memória perigosa e o sangue
dos mártires nos reanimaram em nosso compromisso com a causa desses povos, em sua
caminhada de luta, resistência e afirmação de seus projetos de vida, de bem viver.
Vemos com alegria que povos praticamente condenados ao desaparecimento, como os
Avá Canoeiro, assumiram a luta pelos seus direitos, especialmente seu território tradicional.
Igualmente vemos com esperança a crescente participação e protagonismo das mulheres
nas lutas pela vida e direitos dos povos indígenas da região.
Constatamos
que os decretos de extermínio dos povos indígenas perpassaram esses 40 anos e continuam
se atualizando a cada dia, através de um sistema perverso de negação e violação dos
direitos desses povos.
Após os sofrimentos e ameaças dos grandes projetos,
como as hidrelétricas, agora pesam sobre os povos da região e do país, as ameaças
da extração mineral (Projeto de Lei 1.610), com seu mar de lama e destruição do meio
ambiente e impacto mortífero sobre as populações.
Com eles denunciamos as
intenções e práticas genocidas embutidos na portaria 303, no PEC 215 e outras iniciativas
e ações advindas dos três poderes, que desrespeitam e ferem a Constituição e os direitos
originários desses povos, por seus territórios, recursos naturais e formas plurais
de viver em paz e serem felizes.
Continuaremos apoiando os processos de informação
e formação das comunidades indígenas, na perspectiva de fortalecer seu poder de mobilização
na luta pelos seus direitos e construção da autonomia em seus territórios.
Continuaremos
honrando o sangue mártir dos que tombaram e deram sua vida pela causa indígena nestes
40 anos do Cimi, selando e renovando nosso compromisso e testemunho com essa causa.
Que as águas revoltas dos rios represados e os fortes ventos de agosto nos embalem
no renovado vigor de nossa missão com a vida, direitos e Bem Viver dos povos indígenas
de Abya Yala, Ameríndia, América.”