Uberaba (RV)* - Há uma sena bíblica que é muito interessante. Após dizer da
importância do seguimento da Palavra, de suas fundamentais exigências, Pedro disse
a Jesus: “A quem nós iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6, 68).
Por onde e para onde vamos hoje, se as palavras da Sagrada Escritura têm as mesmas
exigências? Ou servimos a Deus de forma livre e coerente, ou as nossas ações não
passam de meras práticas hipócritas e isoladas. A opção por Deus ocasiona consequências
novas de relacionamento com o outro, fato que começa na convivência do cotidiano da
comunidade. A transparência revela atitudes conformes com as exigências da Palavra
de Deus. Não basta ouvir, mas é preciso escutar com prontidão para executar aquilo
que se escuta sobre as exigências da vida. Isto faz com que haja rompimento com o
passado para recomeças uma vida nova. Não é fácil renunciar aquilo que vem marcando
toda uma caminhada, mas que, nos novos tempos, não ajuda mais e até prejudica as pessoas.
Nos trabalhos sociais, sejam eles realizados por entidades religiosas, por clube
de serviço ou pelo poder público, ambos devem ter como meta a qualidade de vida das
pessoas. É essencial superar a sociedade de castas, de senhores e escravos, para aproximar
os extremos, que causam sofrimento e degradação da vida de muita gente. Sempre
fez parte da vida do povo a existência de autoridade e súdito, tendo Deus como estando
acima de todos os poderes. Só para Ele o mundo deve ir, ultrapassando todas as dificuldades
no relacionamento, nos conflitos e desigualdades. O caminho que define esse itinerário
é o amor entre as pessoas, que supera todo tipo de individualismo. Na sociedade,
todos nós somos iguais, mesmo que haja funções diversificadas. A marca principal é
o “destino”, a direção para onde todos nós estamos indo, que deve ser bem definido.
A vivência cristã é fruto de uma escolha, de uma decisão pessoal, de uma vocação como
opção, tendo como meta ir ao encontro de quem chama. * Dom Paulo Mendes Peixoto Arcebispo
de Uberaba.