Bispos da Zambia pedem que Constituição não defina o país como "Nação cristã"
Bispos da Zâmbia contrários à inserção no preâmbulo da nova Constituição da clausula
que define o país uma “nação cristã”. Num documento enviado à Comissão Técnica encarregada
de redigir a nova Constituição, os bispos zambianos exprimem, antes de mais, o desejo
de que esta nova tentativa de redacção da Lei magna do país se conclua com êxitos
positivos, e voltam a sublinhar a sua oposição a que essa Lei defina a nação como
cristã. “Um país – escrevem na nota – não pode praticar os valores e os preceitos
do cristianismo mediante uma mera declaração.” Além disso, o principio da separação
entre Estado e religião não deve ser esquecida. Afirmar que a Zâmbia é uma nação cristã
estaria em contradição com o carácter multi-religioso da sociedade zambiana reconhecida,
aliás, no preâmbulo do esboço da Constituição pela Comissão Técnica de Redacção.
No documento antes referido, os bispos daquele país da África Austral, apresentam
também algumas propostas para a nova Constituição que, a seu ver, deveria excluir,
da introdução, normas que prevêem a pena de morte e o aborto. Outras propostas por
eles apresentadas são relativas à cidadania e à exploração dos recursos naturais do
país.
Esta não é a primeira vez que os bispos da Zâmbia intervêm com propostas
para a reforma da Constituição que o país aguarda há vários anos. Também nas precedentes
intervenções se mostraram contrários à ideia da definição do país como uma “nação
cristã” .
Entanto, os bispos exortam os fiéis a pôr em prática as indicações
da Exortação Apostólica “Africae Munus” a fim de promover a reconciliação, a justiça
e a paz no país. O convite está expresso na carta pastoral que os bispos dirigem aos
fiéis, agentes pastorais e rádio católicas do país. Assinada por Mons. Clement Mulenga,
responsável da Comissão Episcopal para a Pastoral, os Leigos, o Ecumenismo e o Dialogo
Inter-religioso, a carta recorda que a “Africae Munus “ põe em realce a importância
da conversão a Cristo e convide a Igreja em África a ter a coragem de se levantar
e a empenhar na evangelização, promovendo a paz no país. Os bispos exortam todos os
fieis a ler e a partilhar “Africae Munus” nas famílias, pequenas comunidades cristãs
e nas comunidades religiosas. Esta formidável “guia pastoral” - afirma os bispos zambianos
na conclusão da sua carta – ajuda-nos seguramente na nossa caminhada em direcção ao
renovamento social com vista na reconciliação, justiça e paz.