Ao Angelus, Papa comenta Evangelho do dia e evoca visita do Patriarca de Moscovo à
Polónia
O evangelho do domingo foi o tema da alocução de Bento XVI, ao meio-dia, no encontro
com os fiéis, para a recitação da oração do Angelus. No pátio interior da residência
de Castel Gandolfo, o Santo Padre comentou a última parte do longo discurso de Jesus
na sinagoga de Cafarnaum, capítulo sexto do Evangelho segundo São João. Jesus revela
aos seus auditores o sentido da multiplicação dos pães para os alimentar, apresentando-se
Ele próprio como Pão de vida eterna, na sua “carne” – a sua vida, oferecida em sacrifício
por todos. “Trata-se, portanto, de O acolher com fé, sem se escandalizar da sua humanidade;
trata-se de comer a sua carne e beber o seu sangue, para ter em si mesmo a
plenitude da vida. É evidente que este discurso não é feito para suscitar consensos”.
Jesus sabe-o bem, e é intencionalmente que pronuncia estas palavras, num momento para
ele crítico, uma viragem na sua vida pública. A partir daí, depois do entusiasmo suscitado
pelos milagres, muitos começarão a abandoná-lo, incapazes de aceitar que Jesus não
seja um “messias” como o queriam: potente, triunfante. Escutando este discurso, perceberam
que Jesus não era um Messias com aspirações a um trono terreno. Não procurava consensos
para conquistar Jerusalém. Iria, sim, à Cidade Santa, mas sim para partilhar a sorte
dos profetas: dar a vida por Deus e pelo povo. “Aqueles pães, partilhados por milhares
de pessoas, não queriam provoca ruma marcha triunfal, mas preanunciar o sacrifício
da Cruz, em que Jesus se torna Pão repartido, corpo e sangue oferecidos em expiação”. O
Papa concluiu convidando todos a deixarem-se surpreender de novo pelas palavras de
Cristo: “Ele, grão de trigo semeado nos sulcos da história, é a primícia da nova humanidade,
libertada da corrução do pecado e da morte. Redescubramos a beleza do Sacramento da
Eucaristia, que exprime toda a humildade e a santidade de Deus: o seu fazer-se pequeno,
fragmento do universo, para reconciliar todos no seu amor. A Virgem Maria, que deu
ao mundo o Pão da vida, nos ensine a viver sempre em profunda união com Ele”.
Na
saudação aos numerosos peregrinos polacos, o Papa recordou a visita do Patriarca de
Moscovo, Cirilo, nos últimos dias, à Polónia, “hóspede da Igreja Ortodoxa” do país.
“Saúdo cordialmente Sua Santidade, assim como todos os fiéis ortodoxos. O programa
desta visita incluiu também encontros com os Bispos católicos e a declaração comum
do desejo de fazer crescer a união fraterna e de colaborar para difundir no mundo
contemporâneo os valores evangélicos, no espírito da própria fé em Cristo Jesus. Trata-se
de um acontecimento importante, que suscita esperança no futuro”.