Cidade
do Vaticano (RV) - O Magnificat, o canto de louvor que Lucas colocou nos lábios
de Nossa Senhora após o anúncio do Arcanjo Gabriel e do Sim Mariano, é eminentemente
profético porque anuncia uma nova sociedade, onde não existem marginalizados, pois
estes, por obra de Deus, se tornaram incluídos.
A própria missão do Arcanjo
já é uma ação de inclusão. Deus quer o ser humano ao seu lado, vivendo sua vocação
eterna. Gabriel vem iniciar o reatamento da amizade Deus-Homem rompida por Adão e
Eva. A pessoa a quem o Arcanjo se dirige, para ser convidada a colaborar com a ação
redentora de Deus, é uma jovem pobre, chamada Maria, moradora de um lugar desprezível
e mal afamado, chamado Nazaré.
Contrariamente ao posicionamento de Eva, que
quis ser igual ao Todo Poderoso ao aceitar o desafio da Serpente Maligna, Maria se
declara a Serva do Senhor, e se coloca disponível para o que Ele lhe solicitar.
Imediatamente
ao portar em si o Verbo, encarnado em seu seio, Maria vai servir Isabel. É o início
da nova sociedade: os mais importantes vão servir os subalternos. Aliás, a nova sociedade
já havia sido iniciada desde quando o Verbo se fez homem, desde quando a Trindade
fez do homem sua morada permanente.
A primeira leitura nos apresenta a luta
da Mulher contra o Dragão. Ela é apresentada vestida de sol, isto é, de Deus e com
a lua sob seus pés, significando ser possuidora de eternidade. A coroa de doze estrelas
(doze é o número das tribos de Israel e dos Apóstolos) que traz na cabeça a identifica
como vitoriosa.
Quem é esta mulher? Muitos logo a identificam com a Virgem
Maria, dando à luz Jesus, mas tam bém pode ser identificada com a Igreja, de modo
especial, com as comunidades da época em que o livro do Apocalipse foi escrito.
O
Dragão simboliza o quê? Ele significa as forças do mal que dificultam e, muitas vezes,
até impedem o testemunho dos cristãos, desvirtuando e pervertendo a estrutura social
e familiar, e desejando engolir aquilo que vai contra seus interesses de morte. Mas
ele é impotente. Só consegue arrastar um terço das estrelas. Seu poder é limitado.
Maria,
a serva do Senhor, que vimos no Evangelho, é a Mulher que está totalmente identificada
com Deus e, por isso, aparece na 1ª leitura como a vencedora e protetora dos cristãos.
Identificando-se com ela através do sim dado a Deus, as comunidades cristãs
são verdadeiras encarnações do Verbo, atuam no mundo como servos da Vida e lutando
por ela, destroem a morte e geram filhos para Deus.
A 2ª leitura, tirada da
1ª Carta aos Coríntios, nos fala da ressurreição e do aniquilamento das forças hostis
ao Reino de Deus, da destruição da cultura da morte. A reflexão de Paulo nos leva
a concluir que a tarefa de Jesus Cristo só estará completada quando ele vencer o Mal
através de nossas ações. Daí, a necessidade de nos deixarmos preencher pelo Senhor,
sermos seus servos como Maria, para que, em nós, através de nossa vida, Cristo complete
sua Missão Redentora.
Nossa Senhora da Glória nos remete ao êxito, à vitória
de Cristo, que destruiu o pecado e a morte, e quis se servir de nossa participação
em sua redenção.
Sendo de Deus, sendo de Cristo, sendo da Vida, estaremos com
Ele e com Ele reinaremos eternamente, no céu.