2012-08-15 10:35:13

A Vocação Sacerdotal


Rio de Janeiro (RV) - A vocação para o sacerdócio – como nos lembra o beato João Paulo II em seu livro por ocasião dos 50 anos de sua ordenação sacerdotal – é um dom e mistério! É o primeiro presente! Ninguém pode reclamar o direito a ser padre. O sacerdócio é um dom extraordinário do amor de Deus. É o fruto da graça de Deus.

O sacerdócio é também um mistério! É uma reunião secreta de duas liberdades: a liberdade de Deus que chama, e a liberdade do homem que responde a este apelo. Muitas vezes, “chamou a si mesmo” não pode explicar até o fim em si, como aconteceu com ele, que descobriu e percebeu a vocação para o sacerdócio.

A vocação é, portanto, um dom e um mistério! É possível definir e descrever as verdades fundamentais que se aplicam a uma vocação para o sacerdócio. Por um lado podem definir-se os critérios básicos e sinais de o fato de uma pessoa ser chamada para o sacerdócio. Da mesma forma, podem especificar-se os requisitos básicos relacionados com a preparação adequada para o sacerdócio. Finalmente, podemos descrever com precisão as funções relevantes que dizem respeito à essência de ser um sacerdote e a substância do ministério sacerdotal.

A condição necessária para alcançar uma vocação é o encontro com Cristo, uma amizade pessoal com o nosso Redentor. Um adolescente ou jovem que não é amigo de Cristo não é capaz de ouvir a chamada da voz do Senhor e, assim, não pode colocar em prática o plano que Deus tem para ele. Cristo é aquele que chama, e sua voz pode ser ouvida apenas no encontro direto com o Salvador. No encontro com Cristo na oração pessoal e da liturgia da Igreja, especialmente na Eucaristia e no sacramento da Penitência. A amizade com Cristo é o desejo sincero de cumprir os mandamentos de Deus para a formação da consciência nobre no espírito do Evangelho, e crescer no conhecimento do mistério de Deus na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Um profundo conhecimento de Deus é feito especialmente por meio da leitura das Escrituras, através da catequese, liturgia, retiros paroquiais, ou ainda através de peregrinações.
Se alguém descobre que existe em seu coração a vocação para uma especial consagração, antes de tomar uma decisão sobre entrar no seminário deve participar ativamente da vida da sua paróquia e/ou de um movimento católico, do grupo vocacional, da formação para os jovens... para aprofundar a sua amizade com Cristo e ter uma chance de fazer uma verificação preliminar da sua vocação.

Outro requisito importante para a descoberta e implementação de uma vocação sacerdotal é viver a sua vida na perspectiva da chamada universal à santidade dos batizados. Cada um de nós foi dotado por Deus com a razão e a liberdade. Cabe a nós decidir como vamos usar esses dons de Deus. A condição para a descoberta de uma vocação para o sacerdócio é acreditar que Deus tem uma ideia melhor para a minha vida. Na verdade, Ele me conhece melhor do que eu.
Compreender que a realização do chamado de Deus não é a renúncia à felicidade e realização pessoal, mas o melhor caminho para a felicidade e alegria duradoura. Daí vem a certeza de estar disponível para a formação no seminário, com um coração puro, indiviso, aberto e responsável.
Uma condição básica para uma preparação sincera e fecunda para o sacerdócio é o aprofundamento contínuo da amizade pessoal com Cristo. Um candidato ao sacerdócio é alguém que aprende a maneira mais completa de pensar como Cristo, e amar como Ele é. Portanto, um pré-requisito para o crescimento e, simultaneamente, testar a vocação, é viver na presença de Cristo; é uma oração pessoal de louvor, agradecimento e súplica; a alegria da Eucaristia diária; a comunhão e a utilização proveitosa do sacramento da penitência; a participação ativa no culto. Um fator importante é a busca regular da ajuda ou direção espiritual.

Deve-se atingir a maturidade humana e cristã. O padre é alguém que é um testemunho de Deus; que reforça os nossos irmãos e irmãs na fé, na esperança e no amor. Por esta razão, o sacerdote deve ser maduro e forte.

Para servir bem ao povo, como padre, é também necessário alcançar uma formação intelectual integrada. Necessita-se compreender o seu tempo e as pessoas nesta época plural que ora vivemos. Esta formação ocorre principalmente através de estudos no seminário e na universidade, principalmente na Filosofia e Teologia.

Também é muito importante um amor especial pelos pobres, doentes, perdidos ou excluídos. Um candidato ao sacerdócio é alguém que – como Cristo – tem um coração grande e bondoso. Ele é um homem que pode parar e se compadecer para derramar o amor que cobre a todos. Um candidato a padre é alguém que, especificamente, é capaz de amar aqueles a quem ninguém ama; é alguém que é totalmente desinteressado. Este é alguém que ama aqueles que não podem pagar por seu amor. Um profundo reconhecimento e sincera preocupação pelo destino dos pobres materialmente, espiritualmente e moralmente, é a condição necessária de fidelidade à missão de Cristo, que veio buscar em primeiro lugar os doentes e aqueles que estão doentes. Por isso, quem ama consegue ser padre!

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ









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