2012-08-14 14:00:17

Nova Evangelização e Redemptoris missio: testemunhar a fé e a vida cristã como serviço aos irmãos e resposta devida a Deus


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, a você que nos acompanha semanalmente neste espaço dedicado à nova evangelização, eis-nos de volta para prosseguirmos nosso percurso preparatório para o Sínodo dos Bispos de outubro próximo cuja XIII Assembléia Geral Ordinária será, justamente, norteada pela nova evangelização, com o tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã".

É tendo em vista a realização de tal evento de primeira importância para a Igreja no mundo inteiro, que temos procurado lançar um olhar sobre alguns documentos magisteriais pertinentes à ação evangelizadora da Igreja – a partir do Concílio Vaticano II – recorrendo assim ao rico patrimônio magisterial de que dispomos. É o que temos feito, nesta fase, com a revisitação à Redemptoris missio, Carta encíclica de João Paulo II, de 1990, sobre a validade permanente do mandato missionário.

Nesta edição, com o nº 11, concluímos o primeiro capítulo – "Jesus Cristo único Salvador". Nessa parte do importante documento magisterial, a encíclica trata da unicidade do Salvador e da destinação universal da salvação.

Considerando o tempo de que dispomos e a extensão do nº 11, passemos imediatamente ao texto, intitulado « Não podemos calar-nos » (At 4, 20):

11. "Que dizer então das objeções, atrás referidas, relativamente à missão ad gentes? Respeitando todas as crenças e todas as sensibilidades, devemos afirmar antes de mais, com simplicidade, a nossa fé em Cristo, único Salvador do homem — fé que recebemos como um dom do Alto, sem mérito algum da nossa parte. Dizemos com S. Paulo: « eu não me envergonho do Evangelho, o qual é poder de Deus para salvação de todo o crente » (Rm 1, 16). Os mártires cristãos de todos os tempos — também do nosso — deram e continuam a dar a vida para testemunhar aos homens esta fé, convencidos de que cada homem necessita de Jesus Cristo, o Qual, destruindo o pecado e a morte, reconciliou os homens com Deus.
Cristo proclamou-se Filho de Deus, intimamente unido ao Pai e, como tal, foi reconhecido pelos discípulos, confirmando as suas palavras com milagres e, sobretudo, com a ressurreição. A Igreja oferece aos homens o Evangelho, documento profético, capaz de corresponder às exigências e aspirações do coração humano: é e será sempre a « Boa Nova ». A Igreja não pode deixar de proclamar que Jesus veio revelar a face de Deus, e merecer, pela cruz e ressurreição, a salvação para todos os homens.
À pergunta porquê a missão?, respondemos, com a fé e a experiência da Igreja, que abrir-se ao amor de Cristo é a verdadeira libertação. N'Ele, e só n'Ele, somos libertos de toda a alienação e extravio, da escravidão ao poder do pecado e da morte. Cristo é verdadeiramente « a nossa paz » (Ef 2,14), e « o amor de Cristo nos impele » (2 Cor 5, 14), dando sentido e alegria à nossa vida. A missão é um problema de fé, é a medida exata da nossa fé em Cristo e no Seu amor por nós.
A tentação hoje é reduzir o cristianismo a uma sabedoria meramente humana, como se fosse a ciência do bom viver. Num mundo fortemente secularizado, surgiu uma « gradual secularização da salvação », onde se procura lutar, sem dúvida, pelo homem, mas por um homem dividido a meio, reduzido unicamente à dimensão horizontal. Ora nós sabemos que Jesus veio trazer a salvação integral, que abrange o homem todo e todos os homens, abrindo-lhes os horizontes admiráveis da filiação divina.
Porquê a missão? Porque a nós, como a S. Paulo, « nos foi dada esta graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo » (Ef 3, 8). A novidade de vida n'Ele é « Boa Nova » para o homem de todos os tempos: a ela todos são chamados e destinados. Todos, de fato, a buscam, mesmo se às vezes confusamente, e têm o direito de conhecer o valor de tal dom e aproximar-se dele. A Igreja, e nela cada cristão, não pode esconder nem guardar para si esta novidade e riqueza, recebida da bondade divina para ser comunicada a todos os homens.
Eis por que a missão, para além do mandato formal do Senhor, deriva ainda da profunda exigência da vida de Deus em nós. Aqueles que estão incorporados na Igreja Católica devem-se sentir privilegiados, e, por isso mesmo, mais comprometidos a testemunhar a fé e a vida cristã como serviço aos irmãos e resposta devida a Deus, lembrados de que « a grandeza da sua condição não se deve atribuir aos próprios méritos, mas a uma graça especial de Cristo; se não correspondem a essa graça por pensamentos, palavras e obras, em vez de se salvarem, incorrem num julgamento ainda mais severo »."

Amigo ouvinte, como já vimos neste espaço, a Igreja existe para evangelizar: por isso, por sua natureza, é missionária.

Como ressalta João Paulo II no texto exposto – intitulado Não podemos calar-nos –, "a Igreja não pode deixar de proclamar que Jesus veio revelar a face de Deus, e merecer, pela cruz e ressurreição, a salvação para todos os homens"... "não pode esconder nem guardar para si esta novidade e riqueza, recebida da bondade divina para ser comunicada a todos os homens". Por hoje nosso tempo já acabou. Semana que vem tem mais, se Deus quiser!







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