O mundo recorda hoje Nagasaki e os japoneses pedem o fim das usinas nucelares
Nagasaki (RV) - Após Hiroshima, Nagasaki: hoje, 9 de agosto, a cidade japonesa
recorda os 67 anos do bombardeio atômico ocorrido em 9 de agosto de 1945. Nesta ocasião
foi celebrada uma Santa Missa pelas vítimas e pela paz no mundo, da qual participou
Dom Pier Luigi Celata, Secretário emérito do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.
Essas comemorações – após o desastre nuclear de Fukushima, em março do ano passado
– tornaram-se ocasião no Japão para manifestar também contra as centrais nucleares.
Também os bispos católicos do país reafirmaram o seu “não” à energia nuclear.
A
Rádio Vaticano ouviu o Arcebispo de Nagasaki, Dom Joseph Mitsuaki Takami. Ele afirmou
que atualmente há uma grande mobilização contra as centrais nucleares. O governo no
Japão se encontra na posição de mudar de rumo e esperamos - disse o prelado - que
dê início a iniciativas concretas neste sentido abolindo completamente as centrais
nucleares. Sabemos que será difícil abolir em breve tempo, também a Alemanha está
realizando esta mudança radical. Esperamos que o nosso governo faça o mesmo ou pelo
menos inicie a orientar-se na direção da abolição completa e absoluta das centrais
nucleares, destacou.
Falando das razões pelas quais se pede o fechamento das
centrais nucleares, Dom Takami afirmou que “em síntese uma central nuclear é também
uma espécie de bomba atômica: a energia utilizada é a mesma, ou melhor é mais perigosa”!
“É verdade que o nuclear fornece uma energia tal que certamente traz benefícios à
sociedade, mas ao mesmo tempo é perigoso, muito perigoso, porque pode contaminar a
nossa terra, a nossa natureza e a nossa mesma vida. Hoje compreendemos que a energia
nuclear deve ser abolida do nosso planeta, precisamente porque é perigosa e nociva
para todos, para a nossa vida e para a terra. Temos a disposição outras fontes de
energia provenientes da natureza, como o sol e o vento... Devemos explorá-las e desenvolver
tecnologias para produzir energia da natureza, mas o novo governo japonês não fez
nada neste sentido até agora”.
Sobre o que se pode aprender da tragédia de
Fukushima, também pensando nas tragédias de Hiroshima e Nagasaki, o arcebispo japonês
disse que “há uma grande diferença: as bombas que caíram em Hiroshima e Nagasaki foram
bombas fabricadas para matar vidas humanas; mas creio que também a energia das centrais
nucleares, uma vez que se é exposto às fugas radioativas, possa, também se tornar
uma verdadeira e própria arma nuclear. Muitas pessoas – e não somente as contaminadas
mais gravemente – tiveram que fugir, tiveram que deixar as suas casas, a sua cidade,
e ainda vivem em situação difícil: sofrem muito e muitas famílias se separaram...Já
ocorreu uma vez, mas pode ocorrer ainda no futuro!. (SP)