2012-08-09 12:04:28

Feticídio feminino, uma chaga asiática


Nova Délhi (RV) - Tornar os abortos seletivos de meninas um crime penalmente punível. A idéia está se alastrando entre governantes de vários estados na Índia, onde o dramático aumento de feticídios femininos está alterando o equilíbrio demográfico.

A proposta tem o apoio da Igreja indiana, que há tempos está engajada contra esta chaga. Para a Irmã Helen Saldanha, Secretária do Escritório para questões femininas da Conferência Episcopal Indiana (Cbci), punir os abortos seletivos pode mudar a “atitude homicida” da sociedade indiana, que discrimina as meninas em favor do herdeiro homem.

Legados culturais e religiosos fazem da Índia, e também de outros países, uma sociedade patriarcal que considera as mulheres um peso econômico. “A preferência por um filho menino é uma patologia que está abaixando a relação entre homens e mulheres, e as estatísticas o confirmam. Infelizmente os progressos da medicina pré-natal são usados para impedir o nascimento de milhões de bebês meninas” – explica a irmã.

Outro problema é a questão do dote, frequente como o aborto seletivo (ilegal no país desde 1994). A cada ano, milhares de mulheres são mortas porque suas famílias não pagam o dote pactuado no momento em que combinam o casamento de seus filhos.

“É um problema cultural” – confirma o diretor da Associação Católica de Saúde, Padre Tomi Thomas. “Nossa associação promove cursos especiais de formação para médicos, enfermeiros e casais, para conscientizá-los”.

Os efeitos dos abortos seletivos de meninas no equilíbrio demográfico mundial, especialmente na Ásia, foram já denunciados também pelo Departamento ONU de Assuntos Econômicos e Sociais e pelo Escritório de Programas dos EUA, as duas maiores instituições de estudo sobre o aumento populacional no mundo.

Os últimos dados indicam que Índia e China são os maiores praticantes de abortos de meninas, registrando uma proporção de 120 homens para 100 mulheres, uma relação considerada ‘inatural’.
(CM)







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