Os Papas e as Olimpíadas: um século de admiração pelos valores éticos do esporte
Cidade
do Vaticano (RV) – O interesse mundial pelas Olimpíadas da Era Moderna não poderia
ser ignorado pela Igreja. O primeiro testemunho disso encontra-se nas palavras dos
Papas. De Atenas 1896 a Londres 2012, quando os Jogos se aproximavam, os Pontífices
dedicaram amplas reflexões às Olimpíadas e também à visão cristã do esporte. Durante
a audiência do Papa João XXIII aos atletas de 83 nações que vieram a Roma para as
Olimpíadas de 1960, teria início a série de reflexões:
“Ao longo das competições
olímpicas vocês darão a todos um exemplo de competição saudável, sem inveja e espírito
de discórdia, na luta que mostrará a constância e alegria serenas, modesta vitória,
também, nos sucessos, as dificuldades tenazes e vocês se revelarão verdadeiros atletas
e verão nos inúmeros espectadores a verdade do velho provérbio: “Mente sã, corpo são”.
(Audiência aos atletas olímpicos, 24 de agosto de 1960)
Foi um conselho paterno,
quase como de um sábio treinador aquele do “Papa Bom”, mas pleno de uma admiração
análoga àquela que mostrará Paulo VI, em julho de 1976, quando as Olímpiadas de Montreal
haviam apenas começado.
“Que a esfera das virtudes naturais entrem naquela
dos exercícios físicos e confira a eles um valor humano superior, aquele moral, até
atingir aquele social, internacional, fazendo das Olimpíadas uma celebração da amizade
entre os povos, uma festa de paz” (Angelus, 18 de julho de 1976).
O jovem João
Paulo II não perdera a oportunidade de oferecer uma leitura cristã do esporte. Mas
a sua visão fora mais próxima aos nossos tempos, na qual a exaltação das virtudes
esportivas e a denúncia daquilo que poderia colocá-las em risco são lados da mesma
medalha. O ano é 1982 e diante do Papa estão os líderes do Comitê Olímpico Internacional.
“Como
manifestação do agir do homem, o esporte deve ser uma escola autêntica e uma experiência
contínua de lealdade, sinceridade, fair-play, sacrifício, coragem, tenacidade, solidariedade,
desinteresse, respeito! Quando, nas competições esportivas, vencem a violência, a
injustiça, a fraude, a sede de vitória, as pressões econômicas e políticas, as discriminações,
então o esporte passa a ser um instrumento de força e dinheiro”. (Discurso ao Comitê
Olímpico Internacional, 27 de maio de 1982).
O mais recente, claro, é aquele
de Bento XVI durante o Angelus de 22 de julho.
“As Olimpíadas são o maior evento
esportivo mundial ao qual participam atletas de muitíssimas nações e, como tal, reveste-se
de um forte valor simbólico. Por isso a Igreja Católica olha para as Olimpíadas com
particular simpatia e atenção. Rezemos para que, de acordo com a vontade de Deus,
os Jogos de Londres sejam uma verdadeira experiência de fraternidade entre os povos
da Terra”.