Nova Evangelização e Redemptoris missio: a fé em Cristo é uma proposta à liberdade
do homem
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro de todas as semanas
dedicado à nova evangelização. Em vista do Sínodo dos Bispos de outubro próximo, cuja
edição terá como tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã", continuamos
nossa revisitação a alguns documentos magisteriais pertinentes à ação evangelizadora
da Igreja.
Nesse sentido, estamos revisitando a Redemptoris missio,
Carta encíclica de João Paulo II, de 1990, sobre a validade permanente do mandato
missionário.
Na edição passada, após trazermos o nº 6, em que destacamos a
destinação universal da salvação, concluímos afirmando que a Declaração Dominus
Iesus, de 6 de agosto do ano 2000 – da Congregação para a Doutrina da Fé – sobre
a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, retoma justamente
o Concílio Vaticano II e a Redemptoris missio de João Paulo II.
Pois bem, antes
de prosseguirmos, trazemos aqui o que nos diz o Documento conciliar Gaudium et
spes, Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, que quase no final
do nº 22 nos diz o seguinte:
"Com efeito, já que por todos morreu Cristo (32)
e a vocação última de todos os homens é realmente uma só, a saber, a divina, devemos
manter que o Espírito Santo a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério
pascal por um modo só de Deus conhecido." (GS, 22)
Mas voltemos agora
a nossa atenção à Redemptoris missio, prosseguindo com o primeiro capítulo
– "Jesus Cristo único Salvador" – passando agora aos números 7 e 8, texto este intitulado
A fé em Cristo é uma proposta à liberdade do homem. Diz o texto:
7. A urgência
da atividade missionária deriva da radical novidade de vida, trazida por Cristo e
vivida pelos Seus discípulos. Esta nova vida é dom de Deus, e, ao homem, é-lhe pedido
que a acolha e desenvolva, se quiser realizar integralmente a sua vocação, conformando-se
a Cristo. Todo o Novo Testamento se apresenta como um hino à vida nova, para aquele
que crê em Cristo e vive na Sua Igreja. A salvação em Cristo, testemunhada e anunciada
pela Igreja, é auto-comunicação de Deus. « O amor não só cria o bem, mas faz participar
também na própria vida de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Com efeito, aquele que
ama quer dar-se a si mesmo ». Deus oferece ao homem esta novidade de vida. « Poder-se-á
rejeitar Cristo e tudo aquilo que Ele introduziu na história do homem? Certamente
que sim; o homem é livre: ele pode dizer não, a Deus. O homem pode dizer não, a Cristo.
Mas permanece a pergunta fundamental: é lícito fazê-lo? É lícito, em nome de quê?
».
8. No mundo moderno, há tendência para reduzir o homem unicamente à dimensão
horizontal. Mas o que acontece ao homem que não se abre ao Absoluto? A resposta está
na experiência de cada homem, mas está também inscrita, na história da humanidade,
com o sangue derramado em nome de ideologias e regimes políticos que quiseram construir
uma « humanidade nova » sem Deus. De resto, a quantos se mostram preocupados em
salvar a liberdade de consciência, o Concílio Vaticano II responde: « a pessoa humana
tem direito à liberdade religiosa (...) Todos os homens devem viver imunes de coação,
em matéria religiosa, quer da parte de pessoas particulares, quer de grupos sociais
ou qualquer poder humano, de tal forma que ninguém seja obrigado a agir contra a sua
consciência, nem impedido de atuar de acordo com ela, privada ou publicamente, só
ou associado ». O anúncio e o testemunho de Cristo, quando feitos no respeito
das consciências, não violam a liberdade. A fé exige a livre adesão do homem, mas
tem de ser proposta, já que « as multidões têm o direito de conhecer as riquezas do
mistério de Cristo, nas quais toda a humanidade — assim o acreditamos nós — pode encontrar,
numa plenitude inimaginável, tudo aquilo que procura, às apalpadelas, a respeito de
Deus, do homem, do seu destino, da vida e da morte, da verdade (... ) É por isso que
a Igreja conserva bem vivo o seu espírito missionário, desejando até que ele se intensifique,
neste momento histórico que nos foi dado viver ». No entanto, é necessário acrescentar,
citando ainda o Concílio, que « todos os homens, pela sua própria dignidade, já que
são pessoas, isto é, seres dotados de razão e vontade livre, e consequentemente de
responsabilidade pessoal, são impelidos pela sua natureza, e moralmente obrigados
a procurar a verdade, e antes de tudo a que se refere à religião. Têm também obrigação
de aderir à verdade conhecida, e ordenar toda a sua vida segundo as exigências da
verdade ».
Como destacamos recentemente, se Jesus Cristo é o Salvador do homem,
ele tem o direito de o saber, daí, também, a missão imperiosa da Igreja de evangelizar.
No
texto apresentado, o Papa João Paulo II – citando o Concílio – reitera o dever moral
que o homem tem de buscar a verdade, que está em Deus, e a obrigação de viver segundo
essa verdade.
Amigo ouvinte, por hoje é só. Semana que vem tem mais, se Deus
quiser!