2012-07-28 12:43:57

Missão Permanente


Rio de Janeiro (RV) - Estamos em várias regiões de nossa Arquidiocese com a “missão popular”. Algumas em regiões mais amplas e outras em diversas situações e locais. Umas com tempo mais amplo, outras mais direcionadas para o final de semana. Algumas aqui na cidade, outras além fronteiras. Sabemos, porém, que a Missão deve ser permanente. Esses momentos missionários são importantes para despertar o que se deveria ser um modo habitual de vida do católico: discípulo-missionário na bela expressão cunhada no Documento de Aparecida.

Nos últimos domingos deste mês de julho, escutamos muito sobre a missão. O envio, o retorno, a partilha, o descanso, as necessidades do povo. Agora que os domingos seguintes nos fazem entrar no capítulo 6º de João, que vai nos iluminar sobre o “pão da vida”, seria bom dar um olhar retrospectivo sobre o nosso trabalho missionário à luz daquilo que ouvimos nos domingos anteriores.

Eu creio que a liturgia dominical nos aponta direcionamentos importantes para nossas vidas e caminhadas. Principalmente quando procuramos atualizar a Palavra de Deus, pois o Senhor nos fala hoje ao nosso coração e, como consequência, deve nos levar a comportamentos e ações consequentes.

No Evangelho de Marcos (6, 30-34), os apóstolos chegam até Jesus empolgados e cheios de alegria pelas muitas obras e bençãos acontecidas durante a missão. Isso demonstra que o missionário tem uma “base” ou comunidade para retornar e partilhar suas experiências. De fato, os discípulos estão empolgados e cheios de vontade de proclamar a verdade, que é Cristo, o caminho que conduz à salvação, o autor da verdadeira Vida. Porém, Jesus os convida para estar sós, no silêncio, reabastecendo o coração para a missão que deve continuar por toda a vida. No fundo, convida-os a repousar do trabalho com um tempo de oração. Isso demonstra um jeito de ser missionário.

A missão acontece também quando paramos para estar a sós com o mestre, longe das multidões e das demandas dela, que são muitas e são tantas. O anunciador deve estar em sintonia com o mestre, com o coração descansado no Senhor para compreender bem aquilo que ele deve anunciar. A missão não pode ser uma rotina. Veja bem, uma dica especial de Jesus: não se vai ao Pai apenas quando tudo está dando errado. É preciso estar a sós com Ele mesmo quando a missão é fecunda. A demanda, como nos nossos tempos, era grande. Diz o evangelho que os discípulos não tinham tempo nem para comer. Jesus lhes ensina que mesmo sendo grande a demanda é preciso cuidar do interior. Sem a vida interior poderíamos correr o risco de estar na missão apenas tecnicamente e cansados, esgotados e depois chegarmos cheios de reclamações de que não damos conta. Para bem conduzir a Palavra é necessário estar bem e com o coração ligado ao mestre Jesus. Nós nos reabastecermos para oferecer o melhor. O melhor nós já temos: o próprio Jesus! Nada há que supere este dom precioso que temos para oferecer. Ele tudo pode e nós com Ele tudo podemos! Basta acreditar, confiar, lançar-se e comprometer-se com Ele.
Porém, as necessidades são muitas: quando a multidão percebeu que Jesus havia se retirado com seus discípulos, correu, chegou antes e os esperou na margem. Jesus, ao vê-los, sentiu compaixão por que eram como ovelhas sem pastor.

Aí estão os sentimentos que perpassam o coração do missionário: ver e comover – sentir-se impelido a ir ao encontro das necessidades do outro! Ele deseja anunciar Cristo o tempo todo, porque sabe que não há e nem haverá nada melhor que possa satisfazer as necessidades humanas mais profundas.

Estamos chegando ao mês vocacional. Rezemos pelas vocações, sejam elas sacerdotais, religiosas, leigas e missionárias. Quanto mais homens e mulheres se despertarem no anúncio da Palavra mais pessoas serão pastoreadas. Jesus entendia e sabia da necessidade de seu povo. Sabia que muitos se perdiam porque lhes faltava orientação. Até hoje, dois mil anos depois, ainda temos um longo caminho a percorrer! Faltam pastores, anunciadores, batizados comprometidos com a missão. Quem sabe não é agora o momento que você será despertado e oferecerá um pouco mais da sua vida, consagrando o seu tempo para a promoção do bem e da paz, para anunciar o Kerigma, a boa notícia da salvação!

Eis a época e a nossa missão permanente! Ofereça a Deus o seu tempo e sua vida mesmo que pareça pouco, mas, consagrados por Cristo, tudo se multiplicará como ouviremos na liturgia dos próximos domingos. O Senhor é suficientemente capaz e misericordioso para encher nossas mãos das mais ricas bênçãos que nos chegam através da Palavra. Quem anuncia a Palavra de Cristo nunca está de mãos vazias. Terá sempre algo de bom a oferecer a quem lhe pedir.

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro








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