2012-07-23 13:20:33

Egito: proposta para tutelar os cristãos


Cairo (RV) - O forte debate entre islâmicos mais radicais e islâmicos moderados sobre a nova constituição egípcia, levou a Universidade islâmica de al-Azhar a propor um artigo separado para tutelar os cristãos de uma eventual aplicação da Sharia. Sob exame o artigo 2º do documento que até hoje aponta “o Islã como religião de Estado, o árabe como língua oficial do país, e os princípios da Sharia islâmica como a principal fonte de direito”. Alguns membros da assembléia – refere a agência AsiaNews – gostariam de acrescentar: “Cristãos e judeus devem se submeter às leis que se referem à sua religião”.

Segundo Mohammed Abel Salam, consultor do grande Imã Ahmed al-Tayeb e delegado de al-Azhar na Constituinte, o texto do artigo não é claro, sobretudo não se entendem quais são os princípios da Sahria aos quais se faz referência. Adicionar simplesmente um parágrafo que se refere aos cristãos e judeus poderia ser mal interpretado. “Preferimos – afirmou – escrever um novo artigo para declarar que os cristãos não estão sujeitos aos princípios da Sharia, mas às suas leis religiosas”.

A defesa dos cristãos e do Islã moderado por parte de al-Azhar e dos grupos islâmicos não muda a situação do Egito pós Mubarak. O tema central continua sendo a religião e não os direitos civis enquanto tais, separados de interpretações religiosas, como solicitado por muitos durante os protestos da Praça Tahrir.

Os conceitos como cidadão, pessoa, Estado leigo, estão ainda fora do debate. Segundo alguns especialistas, a criação de um artigo separado ou de uma lei reservada somente aos cristãos tutela a minoria, mas poderia com o passar do tempo levar a um isolamento total como já ocorre em muitos bairros do Cairo e vilarejos, divididos com base na pertença religiosa. Isso retarda o caminho do Egito em direção da modernidade.

Coptas ortodoxos e católicos representam cerca de 10% da população egípcia e muitos deles são favoráveis a terem seus direitos segundo a sua religião. Isso já é uma realidade no Iraque, Síria e Líbano onde a população se distingue por pertença religiosa e não enquanto cidadão.

A tendência é o isolamento das minorias, que correm o perigo de um isolamento total contraproducente e prejudicial para os direitos civis universais. Até o momento o artigo 2º da Constituição não sofreu modificações. (SP)








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