Foi publicado no passado dia 18 pela Moneyval, o primeiro relatório sobre as medidas
tomadas pelo Estado do Vaticano contra a reciclagem de dinheiro da corrupção e contra
o financiamento do terrorismo. A este tema dedicado o editorial “Octava Dies” do nosso
director geral, P. Federico Lombardi, intitulado dinheiro e transparência. Ouçamos…
* “Foi publicado, na semana passada, um relatório pormenorizado sobre o
empenho do Vaticano para a sua inserção no sistema internacional dos controlos e medidas
no sentido de combater as novas formas de criminalidade no campo económico e financeiro:
a reciclagem e o financiamento do terrorismo. O relatório é formulado pelo Moneyval,
organismo do Conselho da Europa, competente na matéria. A avaliação diz que, embora
haja ainda muito por fazer, o Vaticano já fez muito, está no bom caminho.
Para
a Santa Sé, empreender este caminho foi uma decisão corajosa e inovadora que corresponde
bem à linha de uma coerente transparência, solicitada pelo Papa em todos os campos.
Como sabemos, o dinheiro pode servir para fazer muitas coisas boas, e até
é, muitas vezes, necessário para realizar projectos maravilhosos mas, por outro lado,
não é a salvação, e não são poucas as vezes em que o seu uso é arriscado, ora por
falta de prudência, ora porque desencadeia a paixão desordenada do ter.
Que
a comunidade internacional se preocupe em estabelecer regras e controlos para tutelar
o bem comum é muito positivo e até mesmo necessário. Que as instituições eclesiásticas
participem seria e humildemente nisso é justo e imperativo, pois que não existe nenhum
motivo para pensar que sejam mais competentes e mais capazes do que as outras, na
instituição de tais controles. Até porque às vezes a confiança nas boas intenções
pode fazer abaixar a vigilância.
Rigor e boa administração, transparência
no balanço e procedimentos, respeito pela legalidade. A todos os níveis, em todas
as partes do mundo e em todos os campos, da caridade, educação, saúde … O caminho
a percorrer é longo e difícil para todos, mesmo para as organizações católicas. As
situações são várias e exigentes; mas não haja dúvida de que se está no caminho certo,
sobretudo se levarmos em consideração que isto é também um pressuposto para a credibilidade
da missão espiritual e moral, o que é no fundo o mais importante de tudo.
Fazemos
votos de que a experiência posta em acto pelo Vaticano nas relações com o Moneyval
seja uma boa decisão e um bom exemplo para toda a Igreja.”