Abaetetuba
(RV) - O 10º Encontro da Igreja na Amazônia realizado nos dias passados em Santarém
(PA), trouxe à tona novamente os problemas ligados à região. Problemas não somente
eclesiais, mas sociais, econômicos e políticos.
No final do encontro, realizado
para celebrar os 40 anos do Documento de Santarém, os bispos divulgaram uma Carta
ao Povo de Deus. Eis alguns trechos relevantes:
“Constatamos avanços no campo
social e político, com novos organismos de participação, conselhos de políticas públicas,
participação nas campanhas por leis mais justas, aumento da consciência e engajamento
na questão ecológica. No campo econômico, cresce o consumo e o poder aquisitivo, embora
nem sempre acompanhado do aumento da qualidade de vida. A vida na Amazônia continua
sofrida. Há séculos os povos da Amazônia gemem e choram sob o peso de um modelo de
desenvolvimento que os oprime e exclui do ‘banquete da vida, para o qual todos os
homens e mulheres são igualmente convidados por Deus’ (SRS 39). A Igreja ouve os gritos,
às vezes desesperados, e se identifica com o seu clamor, conhece o seu sofrimento.”
“As decisões sobre o desenvolvimento da Amazônia sempre são tomadas a partir
de fora e visam única e exclusivamente a exploração das riquezas naturais sem levar
em conta as legítimas aspirações dos povos desta região a uma verdadeira justiça social.”
“Como
quarenta anos atrás, a Amazônia continua sendo considerada a ‘colônia’, mesmo que
abranja mais da metade do território nacional. Somado a estes desafios nos deparamos
com a emergência do fenômeno urbano, com o inchaço nas periferias das grandes cidades,
exploração sexual, tráfico de pessoas e de drogas, violência. Em vez de investimentos
em políticas públicas de saneamento básico, saúde, educação e segurança, o Estado
prioriza políticas compensatórias, apoia e incentiva o grande capital, investe na
construção de estádios monumentais e outras obras faraônicas.”
Os problemas
citados nesta Carta coincidem perfeitamente com os desafios no campo dos Direitos
Humanos presentes na Dioceses de Abaetetuba, no Pará. Raimundo Lima entrevistou o
Bispo Dom Flávio Geovanale, que é também o Presidente da Cáritas Brasileira. Clique
acima para ouvir a entrevista.