Tóquio
(RV) - Falar sobre um país no qual a gente nunca esteve, hoje não representa muita
dificuldade. Os meios modernos de comunicação de que dispomos se encarregam de trazer
a maior parte das informações. Recuando cinco ou seis séculos na História, sem televisão,
rádio, telefone e internet, seria um enorme desafio para um europeu falar sobre o
Japão. Contudo, Marco Polo, duzentos anos antes de o genovês Cristóvão Colombo iniciar
suas viagens, descreveu o Japão, que ele chama de Zipangu, de uma forma peculiar,
sem nunca ter viajado para lá. Prestem (à) atenção sobre o que escreve.
"Zipangu
é uma ilha nos altos mares do oriente, afastada 1.500 milhas do Continente. É uma
grande ilha. As pessoas são brancas, civilizadas e muito privilegiadas. Elas são idólatras
e não dependem de ninguém.Eu posso falar a vocês, a quantidade de ouro que elas possuem
é infinita; elas o encontram na sua própria ilha. Seu rei não permite que seja exportado.
Além disso, poucos mercantes visitam o país, porque estão longe da ilha principal,
por isso sabe-se que seu ouro é tão abundante que vai além de qualquer medida imaginável.
Eu
digo para vocês uma coisa maravilhosa sobre o palácio do senhor da ilha. Vocês precisam
saber que ele tem um palácio com o teto totalmente coberto com ouro fino, exatamente
como nossas igrejas são cobertas por cobre, por isso é muito difícil calcular seu
valor.E mais, os pavimentos dos palácios e os assoalhos das repartições são cobertos
de ouro fino com camadas de dois dedos de espessura.As janelas são de ouro. Assim,
tudo isso junto, a riqueza do palácio vai além de todos os limites e imaginação. Eles
também possuem pérolas cor de rosa em abundância, mas preciosas, grandes e redondas
e tão valiosas como as brancas."
Marco Polo continua descrevendo as coisas
sobre o Japão sem nunca tê-lo visitado. É a vez de falar sobre a religião. Descreve
seus ídolos como tendo cabeça de animais e alguns deles com mais de uma. Diz a mesma
coisa das mãos, mas aumenta o número chegando até mil. Ressalta que as pessoas têm
muita fé neles. Lendo o texto, tive a impressão de que já eram previstas para em breve
expedições que levariam, além de soldados, também missionários para propagar o Cristianismo,
naquelas ilhas que atraíam tanto a atenção pela quantidade de ouro lá existente.
Imaginações
à parte, a verdade é que com a chegada de São Francsico Xavier em 1549, os europeus
não encontraram telhados de ouro, reluzindo em contato com raios do sol, nem palácios
com piso de ouro e pérolas, enfeitando pessoas ou residências. A determinação de
converter os budistas e xintoístas ao cristianismo em grande escala, não se concretizou. Ainda
nos resta muito trabalho com sabedoria e respeito para descobrir que somos todos filhos
de Deus, vivendo em harmonia.
Missionário Pe .Olmes Milani CS Do Japão
para a Rádio Vaticano