2012-07-16 13:59:39

Síria: Pe. Dall'Oglio e o futuro do país


Damasco (RV) - Observadores da ONU estão tentando chegar a Tremseh, na Provincia de Hama, onde foram massacradas pelo menos 220 pessoas, muitas das quais civis. O Núncio Apostólico, Dom Zenari, exorta a comunidade internacional a mover-se com decisão para deter ulteriores e mais graves violências. O Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, denuncia a falta de decisão do Conselho de Segurança e a Secretária de Estado estadunidense, Hillary Clinton, fala de “um regime que deliberadamente assassinou civis inocentes”. O UNICEF lança um apelo para defender as crianças.

Sobre o possível compromisso da comunidade internacional e de outros aspectos da guerra civil em andamento na Síria, eis o que disse à Rádio Vaticano Padre Paolo Dall’Oglio, jesuíta que em 1982 deu novamente vida ao Mosteiro de Deir Mar Musa, norte de Damasco. Ele se encontra em Roma nestes dias:

R. A situação síria requer, por parte da comunidade internacional uma dupla ação. A primeira é a proteção das populações nas áreas atingidas pelo conflito civil, que vai de Oronte até o mar: nesta região é absolutamente necessário encontar um acordo com a Rússia, com a China, com o Irã para a proteção dos civis. A segunda ação deveria ser a de solicitar novamente com força, aos brasileiros, que se disponham a realizar o papel de interposição comandando os capacetes azuis. No restante, ao invés, creio que a comunidade internacional deveria exprimir uma capacidade de ação pacifista – não só pacífica e pacificamente, mas pacifista, ativamente pacifista -, através da presença de milhares de ativistas da sociedade civil global, que ajudem a sociedade síria na mudança democrática que absolutamente não deve ser adiada.

P. Neste cenário já dramaticamente definido guerra civil, qual é a situação dos cristãos?

R. Certamente, os grupos extremistas salafitas apresentam um problema, ou seja, o dos grupos que já tiveram um papel importante no Iraque. Nos grupos extremistas se vê uma polarização diretamente contra os cristãos. É motivo de grande angústia para muitos cristãos a perspectiva de uma islamização da sociedade síria, porque o espaço político pluralista se reduziu por causa da repressão, e o exército rebelde certamente – não todo ele – se caracteriza por uma atitude muçulmana. Tudo isso dá a ideia de um futuro no qual a Síria será mais islâmica. Em algumas áreas, efetivamente, as infiltrações mais radicais poderão dar ao conflito um tom mais confessional. E eu me pergunto se não é possível encontrar canais para falar com essa gente, abrindo canais de comunicação simbólicos para conseguir comunicar com eles desejos simbólicos profundos. Quando pude conversar com eles, eu obtive um resultado: foi-me entregue um refém após uma experiência de diálogo. (SP)








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