Bento XVI no Angelus: graças a Cristo a obra da Igreja progride sempre
Castel Gandolfo (RV) - Bento XVI, de retorno da celebração da missa na cidadezinha
de Frascati – situada nos chamados Castelos Romanos – conduziu, ao meio-dia, na residência
pontifícia de Castel Gandolfo, a oração mariana do Angelus.
"A obra
de Cristo e da Igreja jamais regride, mas sempre progride", foi a sua mensagem antes
da recitação da oração mariana, inspirada pela liturgia deste domingo e pela memória
que a Igreja faz, nesta data, de São Boaventura, o sucessor de São Francisco na condução
da Ordem dos Frades Menores.
Jamais para trás, sempre para frente. A obra da
salvação trazida por Cristo dois mil anos atrás aos homens pode ser lida retrospectivamente
como história, mas jamais registrará uma regressão, porque aquilo que é de Cristo
é progressão contínua.
Bento XVI adquire essa certeza em São Paulo, que na
Carta aos Efésios, proclamada na liturgia deste domingo em todas as missas, oferece
uma síntese extraordinária "em quatro passagens" daquele "desígnio de bênção" que
Deus – explicou – derramou sobre a humanidade com a vinda de Cristo.
"Nele"
– escreve o Apóstolo dos Gentios – "ele nos escolheu antes da fundação do mundo",
"Nele" fomos redimidos, "Nele" nos tornamos herdeiros, "Nele" quem crê no Evangelho
recebe o "sigilo do Espírito Santo":
"Este hino paulino contém a visão da história
que São Boaventura contribuiu para difundir na Igreja: toda a história tem como centro
Cristo, o qual assegura também novidade e renovação em todo tempo. Em Jesus, Deus
disse e deu tudo, mas como Ele é um tesouro inexorável, o Espírito Santo jamais deixa
de revelar e de atualizar o seu mistério. Por isso a obra de Cristo e da Igreja jamais
regride, mas sempre progride."
Essa visão de Cristo como "centro inspirador"
da história foi um ponto nodal também da teologia de São Boaventura, cuja memória
a Igreja celebra em seu calendário litúrgico em 15 de julho.
Na alocução que
precedeu a oração dominical, o Papa recordou que com a morte de São Francisco foi
São Boaventura o sucessor dele na condução dos Frades.
Foi também ele quem
escreveu a primeira biografia de São Francisco, e foi também São Boaventura, nos últimos
anos de sua vida, a transferir-se como bispo para a Diocese de Albano, da qual faz
parte Castel Gandolfo:
"Numa carta, Boaventura escreve: 'confesso diante de
Deus que a razão que mais me fez amar a vida do beato Francisco é que ela se assemelha
ao início e ao crescimento da Igreja' (...) Francisco de Assis, após a sua conversão,
praticou ao pé da letra esse Evangelho, tornando-se uma fidelíssima testemunha de
Jesus; e associado de modo singular ao mistério da Cruz, foi transformado num 'outro
Cristo', como o próprio São Boaventura o apresenta."
No momento das saudações
conclusivas – feitas em seis línguas aos diferentes grupos de fiéis e peregrinos reunidos
no pátio interno da residência pontifícia de Castel Gandolfo –, Bento XVI, que pouco
antes recordara outra memória litúrgica, a desta segunda-feira dedicada a Nossa Senhora
do Carmo, ressaltou em polonês outro apelativo de "Mãe de Deus do Escapulário", com
a qual é recordada a Virgem do Carmelo, e acrescentou:
"João Paulo II carregava
consigo o sinal de sua consagração pessoal a Nossa Senhora do Carmo, o escapulário,
que tanto estimava. A todos os seus compatriotas – na Polônia, no mundo, a todos vocês
aqui presentes hoje em Castel Gandolfo – que Maria, a melhor das mães, os envolva
com o seu manto na luta contra o mal, interceda no pedido de graças, e lhes mostre
os caminhos que levam a Deus."
O Pontífice saudou também os fiéis e peregrinos
de língua portuguesa. Eis o que disse:
"Dirijo agora
uma saudação especial para os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente para os
fiéis da Paróquia São José, de Bragança Paulista e para o grupo de Apóstolas do Sagrado
Coração de Jesus, acompanhadas de professores de escolas brasileiras. Agradecido pela
amizade e orações, sobre todos invoco os dons do Espírito Santo para serem verdadeiras
testemunhas de Cristo no meio das respectivas famílias e comunidades, que de coração
abençôo."
O Santo Padre concedeu a todos a sua Bênção apostólica. (RL)