Colômbia: a Pastoral da Criança em meio ao conflito armado
Bogotá (RV)
– Esta sexta-feira o Programa Brasileiro conclui sua série especial sobre a Pastoral
da Criança Internacional.
Na Guiné-Bissau, na África, passando por Filipinas
e Timor-Leste, na Ásia, do Caribe até a América do Sul, conhecemos um pouco como a
metodologia criada pela Dra. Zilda Arns frutificou e se adaptou às necessidades locais,
mantendo no horizonte um único objetivo: promover a vida e a vida em abundância.
Esta
última reportagem nos leva à Colômbia. Este país que faz fronteira com a região norte
do Brasil vive há mais de 50 anos um conflito armado. A violência que acompanhou o
crescimento das últimas gerações de colombianos se reflete na qualidade de vida das
crianças.
A Colômbia tem cinco milhões e meio de crianças menores de cinco
anos. Destas, mais da metade vive em estado de pobreza – pobreza que acarreta problemas
de saúde, de nutrição e de educação.
A mortalidade materna-infantil é alta.
Muitas gestantes não fazem o pré-natal ou porque estão distantes dos centros de saúde
ou porque esses centros não oferecem assistência adequada.
A Pastoral da Criança
está bem radicada em território colombiano. Criada há 10 anos, é parte da Conferência
Episcopal Colombiana e está presente em 48 dioceses, entre indígenas, camponeses,
refugiados e comunidades suburbanas.
Ir. Glória Cecília Rodriguez Arenas é
a responsável pela Pastoral, e fala sobre seu trabalho.
Por meio de voluntários,
nós fornecemos formação seja individual, seja comunitária. Cada voluntário acompanha
quinze famílias, que assim adquirem formação e informações básicas para cuidar das
crianças pequenas. Em nível comunitário, fazemos formação sobre a proteção e o cuidado
infantil. Os voluntários vivem nas comunidades em que trabalham, então é um trabalho
muito próximo ao pobre e com o pobre, gerando consciência, formação e compromisso
em favor da vida.
Outra peculiaridade do trabalho da Pastoral da Crianças
na Colômbia é com os indígenas. O voluntário que trabalha com os índios é um membro
de sua comunidade, fazendo-se evangelizador de seus próprios irmãos, com seu idioma,
sem romper seus costumes e tradições.
Irmã Cecília afirma que os indígenas
foram esquecidos e suas terras entregues a mineradoras e empresas de energia. Eles
estão pagando com a miséria essa exploração, morrendo de doenças que poderiam ser
facilmente prevenidas.
O conflito armado também faz parte da realidade em
que a Pastoral atua – o que fez com que os voluntários inserissem um elemento a mais
em seu trabalho:
O conflito armado tem muitas matrizes e quando
é por guerrilha ou paramilitar, é um conflito que vem de fora para dentro da família
e isso gera grande temor e gera a necessidade de emigrar, buscando um espaço mais
tranquilo. O conflito dura 50 anos na Colômbia, de modo que as últimas gerações sempre
cresceram ouvindo falar de guerra, de conflitos, de sujeitos armados. Então todas
as famílias cresceram buscando o caminho para construir a paz. Por outro lado, esta
guerra armada, onde não é a população civil a protagonista, provoca uma grande violência
dentro da família. Conflitos internos na família onde as crianças são as mais afetadas.
Com tantos anos de guerra, as pessoas criaram uma habilidade muito forte para superar
os problemas e olhar adiante . Então, no nosso trabalho, nós formamos as crianças
para que cresçam tendo esta habilidade para enfrentar as adversidades que a vida apresenta. (BF)