CNBB publica nota oficial de pesar pelo falecimento de Cardeal Eugênio Sales
Brasília (RV) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou
no início da tarde desta terça-feira (10/07) uma nota oficial de pesar pela morte
do Cardeal Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo emérito do Rio de Janeiro. O secretário
geral da Conferência, Dom Leonardo Steiner, manifesta solidariedade com o povo e o
arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro e com os familiares de Dom Eugênio, particularmente
com seu irmão, Dom Heitor de Araújo Sales, Arcebispo emérito de Natal (RN).
Abaixo
segue a íntegra da nota:
Nota de condolência pelo falecimento
do
Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales
A Conferência Nacional dos Bispos (CNBB)
recebe, com profundo pesar, a notícia da morte do Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales,
Arcebispo emérito do Rio de Janeiro (RJ), ocorrida no final da noite desta segunda-feira,
9 de julho de 2012.
Dom Eugênio é uma verdadeira página da história da Igreja
no Brasil. Seu caminho de vida percorrido como padre e bispo está associado aos marcos
do trajeto feito pela comunidade dos discípulos missionários de Cristo neste país.
Ordenado padre em 1943, desempenhou trabalho pastoral na então diocese de Natal (RN)
onde veio a ser bispo auxiliar da já arquidiocese de Natal, em 1954, por nomeação
do Papa Pio XII. Nomeado como Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, em 1968, criado
Cardeal no Consistório de 1969, Dom Eugênio ficou na Bahia até ser transferido pelo
Papa Paulo VI para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, em 1971, lugar onde exerceu seu
pastoreio até a renúncia aceita pelo Papa João Paulo II, em 2001.
Inspirado
pelo seu lema episcopal, “Impendam et Superimpendar” (alusão a 2Cor 12, 15: “Quanto
a mim, de muito boa vontade gastarei o que for preciso e me gastarei inteiramente
por vós”), Dom Eugênio foi Padre Conciliar do Vaticano II, criador da Campanha da
Fraternidade e também apoiou o Movimento de Educação de Base e as Comunidades Eclesiais
de Base. Homem de vasta cultura, sempre teve admiração por parte da sociedade brasileira.
Por tudo isso e pela sua expressão de pastor, Dom Eugênio foi uma permanente referência
da Igreja nos momentos mais significativos da vida social e política no Brasil. Ele
jamais se recusou a dar sua palavra firme, ortodoxa, clara a respeito dos mais importantes
princípios da vida moral tanto da pessoa quanto da sociedade.
Era um comunicador
que chegava, com facilidade, ao entendimento da opinião pública, mesmo depois de se
tornar arcebispo emérito do Rio de Janeiro, Dom Eugênio manteve publicação regular
de seus textos em um blog na internet. Recentemente, por ocasião da Páscoa deste 2012,
ele mesmo determinou que seria publicado um último artigo no qual ele escreveu: “Ao
passo que a alegria, presságio do transcendente, faz-nos sentir algo superior às experiências
comuns, ela, todavia, acorda em nós o mais próprio, o mais íntimo de nós mesmos. Será
que não está inscrita na experiência pura e honesta da alegria uma tênue e todavia
forte certeza de que a mais profunda realidade de nosso ser é imagem do eterno? Este
estado de alma é como uma atmosfera jubilosa de nossa mente, que se reflete em nossos
sentimentos e que se irradia em nossos relacionamentos humanos”.
Despedimos-nos
de Dom Eugênio com este sentimento que ele antevia em sua reflexão, isto é, com “presságio
de transcendência”. Agradecemos a Deus pela sua caminhada cheia de frutos para a vida
da Igreja e do povo e nos solidarizamos com seus familiares, especialmente com seu
irmão Dom Heitor Araújo Sales, Arcebispo emérito de Natal, com a Arquidiocese do Rio
de Janeiro e com Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro. Nossa oração
nos consola na certeza de sua Páscoa e na esperança de que esse nosso irmão compartilhava
da convicção que nos foi deixada pelo apóstolo de que a “a coroa da justiça” está
reservada para ele pelo Senhor, o justo juiz, que dará essa coroa, “não somente a
ele, mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação”( 2 Tm 4,8).
Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasília Secretário
Geral da CNBB