O amor de Deus actua lá onde encontra a fé do homem: Bento XVI ao meio dia antes
da Oração do Angelus em Castel Gandolfo
(08/07/12) Numerosos fiéis e turistas de várias partes do mundo reuniram-se neste
domingo ao meio dia no pátio da residência Papal de Castelo Gandolfo, para ouvir o
Santo Padre que ali se encontra para um período de repouso, e rezar com ele a oração
mariana do Angelus. Ouça ou leia, como preferir ... Logo que apareceu
à janela, e saudou a todos com o clássico “caros irmãos e irmãs”… um grupo de jovens
de cidade alemã de Dresda entoou o Gloria. Bento VXI agradeceu-os, e passou depois
à sua alocução comentando as palavras do Evangelho da missa deste domingo em que o
evangelista Marcos recorda que ninguém é profeta na própria Pátria. E isto aconteceu
também com Jesus que, por volta dos 30 anos de idade, deixou a sua terra, Nazaré,
e foi para outras localidades, apregoando e fazendo milagres. Quando voltou a Nazaré,
onde era conhecido como o carpinteiro “filho de Maria” e os seus conterrâneos o ouviram
falar com sagacidade na Sinagoga, ficaram escandalizados. Um facto que o Santo
Padre considerou compreensível, pois a familiaridade humana torna difícil ir mais
além e abrir-se à dimensão divina. O próprio Jesus cita o exemplo dos profetas de
Israel que, precisamente na sua terra, foram desprezado, e identifica-se com eles.
Por causa deste fechamento espiritual – disse o Papa – Jesus não pôde realizar “nenhum
prodígio em Nazaré. Limitou-se a impor as mãos sobre poucos doentes e curá-los. Com
efeito, os milagres não são para Jesus uma demonstração da sua potência, mas sim,
sinal do amor de Deus que actua lá onde encontra a fé do homem. Inicialmente -
prosseguiu o Papa – parece que Jesus justifica esse má acolhimento dos seus conterrâneos,
mas o evangelista Marcos acaba por nos revelar que embora sabendo que ninguém é profeta
na própria terra, Jesus, no fundo, fica escandalizado com essa atitude, incompreensível
para ele: “Como é possível que não reconheçam a luz da Verdade? Porque não se
abrem à bondade de Deus que Ele quis partilhar com a nossa humanidade? Com efeito
o homem, Jesus de Nazaré é o espelho de Deus, n’Ele habita plenamente. E enquanto
nós procuramos sempre outros sinais, outros prodígios, não nos damos conta de que
o verdadeiro Sinal é Ele, Deus feito carne, é Ele o maior milagre do universo: todo
o amor de Deus contido num coração humano, no rosto dum homem!” Quem compreendeu
verdadeiramente essa realidade foi a Virgem Maria. Aprendamos dela, nossa Mãe na Fé,
- disse o Papa - a reconhecer na humanidade de Cristo a perfeita realização de Deus.
***
Depois da oração do Angelus, o Papa saudou antes de mais a comunidade
local de Castelo Gandolfo, e depois os peregrinos em italiano, francês, inglês, alemão,
espanhol e polaco, suscitado aplausos e gritos de afecto dos diferentes grupos presentes.
Referiu-se, entre outros, às religiosas de Santa Isabel de várias partes do mundo
que estão a comemorar 10 anos de profissão perpétua; aos grupos francófonos do Senegal,
Congo e da capelania do Golfo de Saint-Tropez, localidade balnear da França, recomendando-lhe
que neste período estival não mandem Deus para férias, e continuem a rezar a ir à
missa. Saudou também os participantes na peregrinação da Família da Rádio Maria,
reunidos e Jasna Gora, na Polónia, para rezar pela Pátria, pelas famílias e a liberdade
de expressão. E ainda os jovens bolseiros da Fundação “Obra do Novo Milénio” reunidos
em Lublino, sempre na Polónia, juntamente com crentes de diversas outras religiões
e que esta noite rezarão pela paz. O Papa disse unir-se a eles e rezar pela paz para
todos.