Apresentado o balanço económico do Vaticano 2011. Saldo negativo de cerca de 15 milhões
de Euros. Não haverá, contudo, corte no número de pessoal, garante P. Lombardi, porta-voz
da Santa Sé
Esteve reunida no Vaticano nos dias 3 e 4 deste mês o Conselho dos Cardeais para o
Estudo dos Problemas Organizativos e Económicos da Santa Sé, presidida pelo Cardeal
Secretário de Estado Tarcisio Bertone. Na reunião tomaram parte 13 cardeais dos do
cinco continentes. Na reunião participaram também representantes da Prefeitura
para os Assuntos Económicos da Santa Sé, do Governatorato do Estado do Vaticano e
da Administração do Património da Sé Apostólica. Convidados também a intervir nas
áreas da sua competência o Director geral e o Director Administrativo da Rádio Vaticano.
Foi ilustrado, no encontro, o balanço económico geral de 2011, que apresenta
um saldo negativo de cerca de 15 milhões de Euros. As áreas que absorveram mais meios
foram o pagamento do pessoal (2.832 pessoas) e o conjunto dos meios de comunicação
social. Sobre este resultado incidiu o andamento negativo dos mercados financeiros
mundiais que não permitiu atingir os objectivos orçamentados.
Saldo positivo,
pelo contrário, de quase 22 milhões de Euros, para o Governatorato do Estado da Cidade
do Vaticano que tem uma administração autónoma e independente dos contributos da Santa
Sé e emprega 1.887 pessoas. Para esse resultado contribuíram os Museus do Vaticano,
o chamado Óbolo de São Pedro, isto é as ofertas dos fiéis para a caridade do Santo
padre; o contributo das circunscrições eclesiásticas do mundo inteiro para a manutenção
dos serviços que a Cúria Romana presta à Igreja universal e ulteriores contributos
à Santa Sé por parte dos Institutos de Vida Consagrada e de Vida Apostólica e diversas
Fundações. No conjunto houve um aumento de 7,54% em relação a 2010. Também o IOR,
Instituto das Obras de Religião, ou seja a Banca do Vaticano, pôs à disposição do
Santo Padre para o seu ministério apostólico e de caridade 49 milhões de Euros em
2011.
Os cardeais apreciaram a apresentação do balanço, que consideraram completo
e transparente e reconheceram o empenho contínuo no melhoramento da administração
dos bens e recursos da Santa Sé. Embora mantendo os lugares de trabalho, convidaram,
contudo à contenção das despesas. Exprimiram unanimemente o seu apreço e gratidão
pelo generoso contributo dos fiéis (muitas vezes de forma anónima) às diversas instituições
eclesiais, ainda mais louvável no contexto de crise económica que se vive no mundo.
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Falando ontem em conferência de imprensa no Vaticano, a propósito
da apresentação do balanço de 2011, o Porta-voz da Santa Sé, P. Federico Lombardi
disse que no próximo Outono haverá um evento em que será apresentado a actividade
da Prefeitura para os Assuntos Económicos da Santa Sé e o seu Estatuto. Nessa ocasião
dará informações mais precisas sobre o trabalho da Prefeitura com novos responsáveis,
recentemente nomeados.
Depois passou a falar do saldo negativo do balanço
geral da Santa Sé e dos numerosos contributos que, não obstante a crise, não faltaram,
pondo em realce também os doadores anónimos. Recordou que nos últimos anos tem havido
anos de balanço positivo e anos de balanço negativo, mas que o saldo negativo de 2011
não depende do Óbolo de São Pedro ou doutras ofertas que, como vimos, aumentaram.
Não deixou também de sublinhar o aumento substancial em 2011 dos frutos gerados
pelos Museus do Vaticano, que passaram de pouco mais de 82 milhões de Euros em 2010
para 91 milhões em 2011, isso graças a 5 milhões de visitantes, o que coloca esta
Instituição entre as mais prestigiosas e importantes deste tipo a nível mundial.
Em
relação aos meios de comunicação social do Vaticano, P. Lombardi disse que são muito
custosos, mas que os cortes já anunciados pela Rádio Vaticano são apreciados pelos
cardeais, entre os quais, disse, reina, portanto, um clima positivo no que toca à
maneira como está a ser enfrentado o saldo negativo, “compreensível”, acrescentou,
em tempos de crise.
A propósito da contenção das despesas, disse que não haverá
contudo, nenhum corte no número de pessoal que trabalha no Vaticano.
Solicitado
pelos jornalista no que toca a noticias acerca de Paolo Gabriele, o mordomo do Papa
implicado no desaparecimento de documentos privados do Santo Padre e actualmente detido
no Vaticano, P. Lombardi disse que não há, de momento, nenhuma novidade de relevo,
mas que as investigações sobre o caso prosseguem.
Por fim, em relação à adopção
ontem pelo Comité da Moneyval do relatório sobre as normas de anti-reciclagem de dinheiro
da Santa Sede que será publicado daqui a um mês com eventuais observações do Vaticano,
P. Lombardi, respondeu: “Estou sereno: parece-nos que estamos no bom caminho”.