O mundo rural na perspectiva da "Caritas in veritate"

Roma (RV) – “Evoluções e problemas do mundo rural diante dos desafios da globalização”: este é o tema do IV Congresso mundial sobre a vida rural, em andamento em Roma, promovido pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz.

O Presidente deste Dicastério, Card. Peter Turkson, discursou ontem na abertura do evento na sede do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a Fao, propondo perspectivas a longo prazo para enfrentar a globalização, ou seja, investindo nas infraestruturas nas zonas rurais.

Ele recordou que essas indicações estão presentes na Encílica "Caritas in veritate", de Bento XVI, que o Cardeal propôs como um instrumento de orientação geral e de critérios basilares para o futuro. No seu pronunciamento, o purpurado partiu de uma experiência pessoal: o seu país, Gana, foi durante muito tempo meta para extrações minerárias, principalmente de ouro. Mas essas operações, explicou, não melhoraram de maneira alguma as condições de vida da população local. Cerca de 80% dos ganenses vivem com menos de dois dólares por dia, e menos de 10% dos lucros com a extração do ouro permanecem no país.

E assim como Gana, continuou o Cardeal, existem muitas outras zonas rurais no mundo que sofreram rapidamente as consequências da globalização. A crise econômica e financeira aumentou os preços dos alimentos, provocando especulações. Ainda hoje, cerca de dois bilhões de pessoas vivem na insegurança alimentar e isso, recordou, constitui uma ofensa ao Criador e aos seus filhos.

O que fazer, então? “É necessária uma visão global, porque a natureza não pode ser vista como algo separado da cultura e da sociedade humanas”, declarou o Cardeal Turkson. Somente alternativas a longo prazo poderão eliminar na raiz as causas estruturais da pobreza.

“O mundo rural contribui de maneira vital para o desenvolvimento humano integral, mas o próprio mundo rural precisa de oportunidades para se desenvolver.”

Trata-se do quarto congresso organizado sobre a vida rural, 50 anos depois do primeiro encontro internacional que se realizou em 1962, logo após a publicação da Encíclica "Mater et Magistra" de João XXIII.
(BF)