Representante dos Bispos paraguaios apoia impeachment de Lugo
Assunção (RV) - O ex-Presidente Fernando Lugo reuniu-se, nesta segunda-feira,
com uma dezena de antigos ministros e colaboradores, num encontro do chamado "gabinete
de restauração democrática".
Ex-titulares de Ministérios e Secretarias, como
das Relações Exteriores, Saúde, Economia, Obras Públicas e Informação, atenderam ao
convite na sede do Partido Solidário, uma das legendas da frente de esquerda que apoiava
a gestão de Lugo.
O chefe de Gabinete do ex-presidente, Miguel López Perito,
disse aos jornalistas no local sobre a intenção do encontro: "aqueles que usurparam
o poder o restituam aos legítimos ocupantes".
Em paralelo, o novo Presidente
do país, Federico Franco, reuniu-se hoje no Palácio do Governo com os diretores das
principais companhias petrolíferas presentes no Paraguai, após o anúncio da Venezuela
de um corte no fornecimento de combustível. Pouco depois, estava previsto o juramento
e posse dos novos ministros do governo interino.
O ex-Presidente Fernando
Lugo e ex-Bispo, Fernando Lugo, foi destituído do poder na sexta-feira passada em
um processo parlamentar por "mau desempenho de suas funções".
Em entrevista
à Folha de São Paulo, o Bispo de Caacupé e Presidente da Conferência Episcopal paraguaia,
Dom Claudio Giménez, afirmou concordar com o impeachment que tirou Lugo do poder e
considerar que ele seja culpado pelas mortes de 17 policiais e camponeses há dez dias
- uma das principais acusações que levaram à sua queda.
O prelado acredita
que o processo de impeachment foi excessivamente rápido, o que dificultou a defesa
de Lugo, mas discorda dos que dizem ter ocorrido um golpe de Estado. Para ele, "não
há nenhuma dúvida de que se atuou conforme a Constituição nacional”.
O religioso
ressaltou ainda que os países da região, "pouco a pouco, vão ter de ir aceitando”
o novo Governo paraguaio, citando o reconhecimento já dado por países como a Alemanha
e a Espanha.
Durante seu mandato, Lugo manteve uma relação delicada com a
Igreja, agravada pelos escândalos de paternidade relacionados à época em que ainda
era sacerdote.
Para Dom Giménez, Lugo "teve boas intenções em seu governo,
mas não conseguiu avançar". (Folha de São Paulo/ED)