Padre jesuíta expulso da Síria por lutar por mudanças
Nova York (RV) – Um Padre jesuíta foi expulso da Síria após pedir mudanças
no país e incentivar jovens a rezarem pela perda de um amigo nos confrontos em Homs,
no final de maio. A vítima era Shahade, um jovem cineasta de oposição. O caso foi
publicado pelo jornal estadunidense “The New York Times”.
“Grossas ripas
de madeira estavam pregadas às portas da Igreja de São Cirilo, em Damasco, fechando-as,
quando amigos de Bassel Shahade chegaram para uma missa em sua memória”, inicia a
matéria, explicando o caso. De acordo com ativistas, homens armados a serviço do governo
teriam arrastado alguns dos fiéis para a prisão e expulsado os outros.
O jornal
explica que, ainda de acordo com os ativistas, a liderança da Igreja Greco-Católica
Melquita não interveio. Mas o padre jesuíta italiano Paolo Dall'Oglio convidou os
amigos de Shahade a orarem em Deir Mar Musa, um mosteiro antigo no deserto.
"Ninguém
estava deixando que rezassem por seu amigo morto", disse o jesuíta em Beirute, ressaltando
que a missa teve a presença de cristãos e muçulmanos.
Sua oferta foi vista
como a última gota d'água pelo governo sírio, que vinha buscando expulsar o Padre
desde o ano passado e finalmente o fez. Dall'Ogllio partiu no sábado, deixando para
trás o mosteiro que nos últimos 30 anos reconstruiu e recriou como centro do diálogo
interfés.
"O próprio fato de eu ser a favor das mudanças, da democracia, dos
direitos humanos e da dignidade é muito provocativo", disse Paolo, 57 anos, homem
enérgico com cabelos grisalhos curtos e barba também grisalha, trajando terno cinza
escuro e camiseta azul. "Recebi um visto só de saída."
A matéria trouxe também
o depoimento do chefe do Comitê de Coordenação Cristã em Latakia, Sarjoun al-Akkadi:
"Há 40 anos o governo vem levando os cristãos a sentir medo, fazendo-os acreditar
que o regime os protege e protege as minorias, mas é mentira", disse ele.
A
população cristã é estimada em menos de 2 milhões entre os 23 milhões de habitantes
da Síria, representando cerca de 8% da população. (Folha de São Paulo/ED)