África Lusófona: Cabo Verde quer regresso à ordem antes do golpe militar na Guiné-Bissau
Nova
Iorque (RV) - O presidente de Cabo Verde, José Carlos Fonseca disse, esta sexta-feira,
que o seu país quer o retorno à ordem constitucional anterior ao golpe militar de
12 de Abril, na Guiné-Bissau. O líder cabo-verdiano falava em exclusivo para a Rádio
ONU, no Rio de Janeiro, à margem da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20.
Ordem
"Para nós, de uma forma e uma perspectiva
realista, nenhuma solução duradoura e estável na Guiné-Bissau passa pela situação
que hoje vigora no país. Porque a situação que vigora atualmente no terreno foge,
completamente, ao princípio essencial de que se deve voltar à ordem constitucional
que foi posta em causa pelo movimento militar, pelo golpe de Estado",
Em 22
de maio os oficiais que levaram a cabo o golpe militar na Guiné-Bissau cederam o poder
a um governo civil de transição, após a assinatura de um acordo político e de um pacto
de transição. Ambos foram mediados pela Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental, Cedeao, da qual Cabo Verde é membro.
Proposta
O presidente
avança uma proposta para o que considera desfecho "duradouro, estável e que resulte
no estabelecimento da democracia e do Estado de Direito" na Guiné-Bissau.
"Isso
tudo passa por uma intervenção forte da comunidade internacional, nomeadamente em
nível do Conselho de Segurança das Nações Unidas e que envolve outras instâncias –
a Cplp, a União Africana e a Cedeao. Mas também passa por uma reforma profunda das
forcas armadas na Guiné-Bissau. Porque enquanto na Guiné-Bissau os militares interferirem
continuamente na vida política e não respeitarem os poderes legitimados pelo voto
popular, não há estabilidade, não há democracia e não há Estado de Direito possíveis",
salientou.
Dossier Complexo
A situação guineense é considerada
um dossier político complexo por José Carlos da Fonseca. O estadista pediu uma solução
que corresponda aos interesses dos populares.
O presidente cabo-verdiano manifestou-se
esperançoso de que haja uma evolução na crise, referindo que a Guiné-Bissau será abordada,
em breve, pelos chefes de Estado e de Governo do bloco regional da África Ocidental.