Impeachment do Presidente do Paraguai: Igreja pede "solução pacífica"
Assunção (RV) – “Dirigimos aos representantes do Estado e aos cidadãos a nossa
exortação à paz e à salvaguarda da vida humana como valor supremo”: este é o apelo
lançado pela Conferência Episcopal do Paraguai, no momento no qual o País vive “uma
grave crise política”.
O presidente Fernando Lugo (na foto em seu discurso
em que disse acatar a decisão do Senado) sofreu “impeachmeant” nesta sexta-feira
por “não ter sabido gerir" um confronto armado no último dia 15 de junho entre a polícia
e um grupo de sem-terras – que deixou 17 mortos em ambos lados – durante uma desocupação
na região de Curuguaty.
Chamando atenção à importância do Estado de direito
e da necessidade de se respeitar a Constituição e os direitos humanos, os bispos do
Paraguai exortam à “prudência política” e pedem aos “representantes políticos, às
organizações sociais, aos sindicatos e aos cidadãos para que mantenham a calma e a
serenidade, evitando qualquer tipo de confronto e de violência que coloque em perigo
a integridade e a vida das pessoas”.
Outro apelo é feito aos meios de comunicação,
para que trabalhem “com prudência e equilíbrio” fornecendo “informações verídicas
e responsáveis que contribuam para uma adequada orientação da opinião pública e à
pacificação dos ânimos”.
A Igreja do Paraguai convida todas as comunidades
eclesiais a rezar pelo País. No entanto, em memórias das vítimas de Curuguaty, neste
sábado, às 15h, a Arquidiocese de Assunção organiza um momento de oração e uma Santa
Missa, sob o tema “Unidos pela paz e a justiça no Paraguai”.
“Rezamos pelas
vítimas, os feridos e as suas famílias – lê-se na nota da arquidiocese – rezamos para
que sejam encontradas soluções para a tão desejada Reforma Agrária”. Ao destacar que
“existe uma má distribuição da riqueza no País” e que “é necessário encontrar uma
solução para a falta de terras” ao mesmo tempo em que seja evitada a “manipulação
das terras para fins políticos”, a Igreja do Paraguai condena qualquer saída que use
a violência que “em um Estado de direito, é privada de qualquer justificativa”, já
que “gera somente ainda mais violência”.
Por fim, o “apelo para que o Estado
garanta a justiça e os bens materiais indispensáveis para uma vida digna”, proporcionando
o diálogo entre as partes em causa e “evitando mais derramamento de sangue”. “Um país
sem paz – conclui a Arquidiocese de Assunção – é um País sem direção”.
Atualização
24.06.12 às 10:53
Ministério das Relações Exteriores Assessoria
de Imprensa do Gabinete
Nota à Imprensa nº 155 23 de junho de 2012
Situação no Paraguai
O Governo brasileiro condena o rito sumário de destituição
do mandatário do Paraguai, decidido em 22 de junho último, em que não foi adequadamente
assegurado o amplo direito de defesa. O Brasil considera que o procedimento adotado
compromete pilar fundamental da democracia, condição essencial para a integração regional.
Medidas
a serem aplicadas em decorrência da ruptura da ordem democrática no Paraguai estão
sendo avaliadas com os parceiros do MERCOSUL e da UNASUL, à luz de compromissos no
âmbito regional com a democracia.
O Governo brasileiro ressalta que não tomará
medidas que prejudiquem o povo irmão do Paraguai.
O Brasil reafirma que a democracia
foi conquistada com esforço e sacrifício pelos países da região e deve ser defendida
sem hesitação.
O Embaixador do Brasil em Assunção está sendo chamado a Brasília
para consultas.