Cardeal Bertone pede tratamento universal para combater o HIV no mundo
Roma (RV) – “Fornecer às pessoas que vivem com o HIV acesso gratuito e universal
às terapias é um objetivo possível e economicamente alcançável”. Essas foram as palavras
do Cardeal Secretário de Estado Tarcísio Bertone, na manhã desta sexta-feira, durante
a VIII Conferência Internacional de Dream, que é um projeto da Comunidade Santo Egídio
voltado para o combate ao HIV/Aids. Ele dá assistência a 180 mil pessoas e tem como
particularidade o tratamento à 20 mil mulheres grávidas soropositivas.
O Secretário
de Estado representou o Papa Bento XVI no encontro, que contou com a participação
de expoentes da comunidade internacional, entre os quais ministros da saúde e delegações
dos países da África Subsaariana, onde opera a Dream. O Cardeal destacou que “o acesso
universal e gratuito ao tratamento da doença é uma proposta concreta para salvar a
vida do que existe de mais frágil e, ao mesmo tempo, mais pleno de futuro: as crianças
e as suas mães”.
O Programa Dream nasceu em 2002, em Moçambique, para combater
o avanço do HIV na África - o que se fez com o uso de antirretrovirais -, e hoje opera
em 10 países.
O Presidente da Santo Egídio, Marco Impagliazzo, reforçou as
palavras do Purpurado, as quais, aliás, estão de acordo com as previsões dos órgãos
de saúde pública internacionais. É possível combater o HIV/Aids e, para tanto, entre
outras medidas, é imprescindível o acesso aos medicamentos antirretrovirais.
Graças
ao programa de prevenção vertical das infecções, ou seja, o que se faz durante a gravidez
e a amamentação, 17 mil crianças de mães soropositivas nasceram sãs, com uma taxa
de contaminação de 3% dentro dos 18 meses após o nascimento. “Uma realidade de confirma
os sucessos de uma colaboração entre Europa e África”, disse a Primeira Dama da República
da Guiné, Djené Conde Kaba. Ainda o Ministro Italiano para a Cooperação Internacional
e a Integração, Andrea Riccardi, sublinhou que o HIV atinge 23 milhões de pessoas
na África, o saldo mais grave para um Continente, onde os maiores afetados são os
jovens.
O Cardeal Bertone relembrou, em seu discurso, que, atualmente, 30%
dos centros de tratamento para a doença em todo o mundo são mantidos por entidades
católicas. Principalmente na África, as atividades de assitência da Igreja atendem
as pessoas que vivem nas áreas rurais, onde há muitas pessoas necessitadas e o índice
de contaminação é altíssimo.
O representante vaticano recordou ainda a fundação
“O Bom Samaritano”, instituída, em 2004, por João Paulo II e confirmada pelo Papa
Bento XVI, sob a direção do Pontifício Conselho para a Saúde.
E o Cardeal
Bertone concluiu com um apelo: “gostaria, na presença de tantos respeitáveis ministros
e responsáveis da saúde, dirigir um apelo à comunidade internacional, aos Estados
e ao doadores: ofereçamos às pessoas que vivem com o HIV/Aids um tratamento gratuito
e eficaz. Que seja consentido o acesso universal ao tratamento. Façamo-lo partindo
das mães e das crianças. Nessa sede, em nome do Santo Padre, me faço voz de tantas
pessoas que sofrem com essa doença. Não percamos tempo e invistamos todos os recursos
necessários.