Celebração ecumênica na Cúpula dos Povos: teologia da criação para combater injustiças
Rio de Janeiro (RV) - O Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Nelson Francelino,
presidiu uma celebração ecumênica na tarde da última terça-feira, 19 de junho, na
tenda 35 da Cúpula dos Povos. O ato contou com a presença de lideranças religiosas
membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), além de diversos
movimentos católicos e novas comunidades, como Focolares, Comunidade Shalom, Comunidade
Bom Pastor, Comunidade Coração Novo para refletir sobre o compromisso de cada religião
na preservação da natureza. O encontro contou também com a participação da teóloga
Maria Clara Bingemer, que fez uma reflexão após a leitura bíblica.
Dom Nelson
ressaltou a importância da Cúpula dos Povos para a pluralidade da cultura entre os
povos. Ele ressaltou que, através da percepção da teologia da criação, os cristãos
não devem se afastar de debates sobre as questões relacionadas à biodiversidade:
“Esse
é um momento importante para nós, principalmente no que diz respeito à nossa fé, no
que diz respeito ao que nos move, porque aqui no Aterro podemos perceber essa pluralidade
de cultura, essa diversidade, e nós, cristãos, não podemos ficar distantes, sobretudo
porque, movidos por uma boa compreensão da teologia da criação, temos muito o que
contribuir a esse debate, até por força da nossa própria vocação de cuidar da natureza,
afirmou o Bispo.
Dom Nelson, que também é presidente do CONIC-Rio destacou
o Credo, que em seu primeiro e maior artigo afirma a crença de Deus sobre todas as
coisas, e disse que é preciso ter respeito à vontade do criador:
“A teologia
da criação inspira em nós a vocação do cuidado, a vocação para colaborar para que
a diversidade caminhe nessa unidade, que, em última instância, é o respeito à vontade
do Criador, à lei natural. Eu creio que a ecologia, a economia sustentável se dão,
sobretudo, no respeito, e numa compreensão cada vez mais alargada da lei natural,
que nos reporta diretamente ao Criador e, nesse sentido, nós, cristãos, temos muito
que contribuir nesse debate” - afirmou.
Para o Reverendo Daniel Rangel, da
Igreja Anglicana, o encontro ecumênico foi uma oportunidade de reunir representações
das religiões cristãs para mostrar a necessidade da união no combate às injustiças,
principalmente com a natureza.
“Espiritualmente conseguimos transmitir para
o povo a necessidade de ter mais consciência com a natureza, mais consciência com
o nosso planeta e mais consciência de que nós mesmos, juntando forças, conseguimos
combater a injustiça, a intolerância e principalmente a destruição da natureza. Se
congregarmos forças, vamos conseguir combater toda essa maldade do ser humano, ponderou”.
Já
a pastora Christiane Drini, da Igreja Evangélica de confissão luterana lembrou que
o compromisso dos cristãos com a biodiversidade está presente na bíblia.
“Está
sendo muito significativo porque nós, cristãos, temos a bíblia que fala que Deus pôs
o homem no jardim para usufruir, sim, mas para cuidar e não para estragar. Então acho
que os cristãos têm um compromisso, sim, com esta terra, com essa água, com os recursos;
e a gente precisa viver isso e se comprometer mais, opinou”.
Ao final, os líderes
religiosos formularam alguns princípios e assinaram esse compromisso em defesa da
vida do planeta, visando uma economia sustentável para toda a humanidade. As organizações
defendiam uma afirmação do direito das mulheres à escolha sobre a reprodução, com
acesso a serviços de saúde e educação sexual. "Isso tem uma vinculação clara com a
questão ambiental, porque muitas políticas de proteção ambiental passam pelo controle
populacional e as mulheres são o objeto dessas políticas", aponta Lygia. (CM)