Especial Saúde: pesquisa mostra que leite materno pode impedir transmissão de HIV
Cidade do Vaticano
(RV) – A Igreja celebra São Luiz Gonzaga no dia 21 de junho. Portanto, nesta quinta-feira,
recorda-se o Santo que dedicou sua vida a cuidar dos doentes, principalmente aqueles
atingidos pela peste em 1590. Justamente por ter dedicado sua vida a cuidar da saúde
dos que mais precisavam – diz-se que ele morreu infectado pela peste aos 23 anos de
idade -, foi proclamado pela Igreja mártir da caridade e patrono da juventude. Recentemente,
tornou-se também protetor dos soropositivos para HIV/Aids. Especial Saúde de hoje
dedica-se ao tema, trazendo os resultados de uma nova pesquisa que indica que o leite
materno pode proteger os bebês do contágio com o vírus.
Publicado pela revista
"Public Library of Science Pathogens" e divulgado pelo jornal Estadão, o experimento
foi realizado na Universidade da Carolina do Norte, a partir do que se chamou de “ratos
humanizados”, ou seja, ratos cuja estrutura genética foi modificada para ficar mais
próxima à da humana.
O principal autor do estudo, J. Víctor García, graduado
pelo Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey (México), explicou
à Agência Efe que "os ratos são, por essência, resistentes à maioria das doenças que
afetam os humanos". "Para usá-los neste tipo de estudos, é preciso torná-los parcialmente
humanos", ressaltou Garcia.
"Estes ratos são trabalhados um por um, introduzindo-lhes
células-tronco da medula óssea humana às seis semanas de idade", acrescentou o pesquisador.
"As células humanas vão a todos os órgãos e áreas similares às humanas como boca,
esôfago, pulmões, intestino, fígado e sistemas reprodutivos que se enchem de células
humanas".
O HIV infecta somente os chimpanzés e os humanos, mas só deixa os
humanos doentes. Com a reconfiguração de células humanas, os ratos tornam-se suscetíveis
à infecção com o HIV. E a pesquisa mostrou que, em ratos "humanizados", o leite materno
humano impede a transmissão oral do vírus HIV.
O experimento foi feito expondo
esses ratos ao HIV com e sem a presença do leite materno humano. Nos que foram expostos
sem a presença do leite, 100% se contaminou, já nos casos em que o vírus foi introjetado
via oral juntamente com o leite 100% ficaram livres da infecção.
Estatísticas
recentes indicam que mais de 15% das novas infecções com o vírus HIV ocorrem em bebês
e, sem tratamento, apenas 65% deles sobrevive mais de um ano, enquanto menos da metade
chega aos dois anos de vida.
O artigo indica uma contradição: embora se atribua
ao aleitamento um número significativo dessas infecções em bebês, a maioria dos que
são amamentados pelas mães soropositivas não tem a infecção, apesar da exposição prolongada
e repetida.
Para resolver a questão sobre se o aleitamento transmite o vírus
ou protege contra ele, os cientistas da Escola de Medicina da UNC recorreram a um
modelo de rato "humanizado" em laboratório. Constatou-se que "os ratos sensíveis à
infecção e que receberam só o vírus adoeceram. Já os que receberam o vírus com leite
materno não adoeceram".
"A próxima etapa do estudo é determinar se o leite
de mães infectadas tem o mesmo efeito", anunciou o cientista, visto que, nesse estudo,
o vírus era misturado ao leite de mães saudáveis.
Contudo, para o pesquisador,
essa primeira parte do estudo deu indícios de que o isolamento de produtos naturais
poderá ser usado para combater o vírus. Cada vez mais, nos aproximamos das respostas
para o tratamento e a eliminação dessa doença. Que São Luís Gonzaga abençoe esse caminho.