Cardeal Bertone: "tentativa de criar divisões entre o Santo Padre e os seus colaboradores"
Cidade do Vaticano (RV) - Há uma “vontade de divisão que vem do mal”, um clima
de “mesquinhez” e mentira que ignora ou apaga o luminoso caminho da Igreja, unida
ao Papa: foi o que disse o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone,
em uma longa entrevista ao semanário “Família Cristã”, na sua edição em italiano.
O
purpurado se detém no que está ocorrendo no Vaticano: da fuga de documentos privados,
às hipóteses de complô, à destituição do Prof. Gotti Tedeschi da presidência do IOR,
invocando o sentido da “busca da verdade” e da “proporção dos fatos”.
O Cardeal
Bertone afirma que está em andamento uma tentativa para desestabilizar a Igreja e
deter a grande “ação de transparência e purificação” realizada por Bento XVI.
Deve-se
sublinhar uma “tentativa de criar divisões entre o Santo Padre e os seus colaboradores,
e entre eles, e há algo de injusto em querer atingir quem se dedica com grande paixão
e confiança ao bem da Igreja”. Eu, - prossegue -, “estou no centro dessa briga e vivo
esses eventos com tristeza”.
O Cardeal Bertone fala à “Família Cristã” do que
está ocorrendo nestes dias na vida da Igreja, com particular referência à fuga de
documentos reservados do Vaticano. “A traição da confiança que se registrou, é o fato
mais doloroso, afirma, “mas se verificou”; o trabalho da Comissão cardinalícia e as
investigações em andamento demonstram porém a vontade de esclarecer tudo.
“É
um ato imoral de inaudita gravidade publicar cartas e documentos enviados ao Santo
Padre, por pessoas que têm o direito à privacidade”, reafirma o purpurado, “um vulnus
a um direito constitucional”, que deve ser observado e fazer observar.
O Secretário
de Estado vaticano exclui qualquer envolvimento de cardeais ou lutas entre personalidades
eclesiásticas “para a conquista de um imaginário poder”. O Cardeal Bertone relança
ainda um compromisso de colegialidade e uma unidade de compromissos no Vaticano, que,
afirma, “não existem em outros lugares”.
Nenhuma dúvida, enfim, sobre as razões
da demissão de Gotti Tedeschi da presidência do IOR: não a falta de transparência,
destaca, mas a deterioração das relações entre conselheiros por “tomadas de decisões
não compartilhadas”. (SP)