Pe. Lombardi: agir de modo eficaz na Nigéria contra o terrorismo
Kaduna (RV) - Trinta e seis pessoas morreram e cerca de cem ficaram feridas
em atentados perpetrados este domingo contra cinco igrejas do estado de Kaduna (norte
da Nigéria) e em violentas manifestações de cristãos realizadas depois do ataque.
Segundo
a polícia, 16 pessoas foram mortas em explosões em três igrejas. Além disso, um membro
da Cruz Vermelha na cidade de Kaduna indicou que os serviços de emergência tinham
conseguido "recuperar até o momento os corpos de 20 pessoas" mortas em tumultos, em
grande parte queimadas.
Foram cinco atentados à bomba pela manhã, incluindo
um suicida. Ao todo, atingiram igrejas de Zaria e em Kaduna, as duas principais cidades
do estado de Kaduna, em uma região regularmente abalada pela violência atribuída ao
grupo islamita Boko Haram. Um cessar-fogo de 24 horas foi imediatamente decretado
no estado pelas autoridades locais. "Atentados suicidas atingiram igrejas nos bairros
de Wusasa e Sabongari, de Zaria, assim como o bairro de Trikania, em Kaduna", informou
um porta-voz da polícia do Estado, Aminu Lawan.
Outros dois ataques atingiram,
em seguida, duas igrejas de Kaduna, nos bairros de Nassarawa e Barnawa, no sul da
cidade. Em Zaria, as explosões atingiram a catedral católica de Cristo Rei e a igreja
evangélica da Boa Nova. Em Kaduna, a igreja de Sharon ficou bastante danificada, nas
áreas do sul da cidade de maioria cristã.
Os ataques não foram reivindicados,
mas o grupo islamita Boko Haram, autor de diversos atentados tendo como alvo os cristãos,
havia declarado recentemente que manteria os ataques a igrejas.
Multidões
de cristãos revoltados saíram às ruas para se vingar dos muçulmanos em uma área majoritariamente
cristã da cidade de Kaduna, capital do estado de mesmo nome. Compostos essencialmente
por jovens cristãos, os grupos montaram barricadas em uma grande estrada em direção
à capital federal Abuja, principalmente nas localidades de Trijania, Gonin Gora e
Sabon Tasha, parando carros e separando os muçulmanos. Um correspondente da Agência
AFP viu dois corpos de pessoas linchadas.
No domingo passado, atentados reivindicados
pelos islamitas do Boko Haram atingiram duas igrejas do centro e do nordeste da Nigéria,
deixando quatro mortos, incluindo um terrorista suicida, e cerca de cinquenta feridos.
Um porta-voz dos islamitas havia declarado que esses ataques tinham como objetivo
mostrar que o grupo permanece ativo, apesar das operações de repressão das forças
de segurança.
"A sistematicidade dos atentados contra os locais de culto cristãos
no dia de domingo é horrível e inaceitável, sinal de um desígnio absurdo de ódio”,
foi o que declarou o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi.
Para
o Padre Lombardi, ''se agrava o risco de que a violência continue e se alargue, causando
represálias e alimentando tensões em detrimento não somente dos cristãos, mas de toda
uma numerosa população, que deseja uma convivência pacífica''.
''Enquanto
participamos da dor pelas inúmeras vítimas, é preciso fazer votos de que haja intervenções
eficazes que consigam deter e eliminar o terrorismo pelo bem deste grande País.''