Belo Horizonte (RV) - Não é um simples slogan com a contundência de frase de
efeito. “Minas merece mais” é um grito cidadão. É o eco de clamores. É uma consciência
indispensável para fecundar a cidadania e despertar, na medida justa, o sentido do
próprio valor. É exigência diante da importância dessa nação tricentenária que ajuda
a configurar o tecido brasileiro com singularidades e riquezas indispensáveis aos
avanços, conquistas e respostas contemporâneas.
Um grito que pode e deve ecoar
no coração dos mineiros, despertando sua cidadania para a força e extensão de sua
significação cultural, religiosa e sociopolítica. Um movimento diferente daqueles
que repetem as dinâmicas de manifestações de rua. Trata-se de algo interior, do jeito
mineiro de ser. Acima de tudo é uma manifestação cultural marcando a elaboração de
uma consciência social e política à luz de uma Minas Gerais rica, em tudo, particularmente
em sua história, enraizada pela religiosidade.
“Minas merece mais” significa
uma dinâmica que também clareia e aponta para o movimento iniciado em janeiro deste
ano, quando empresários, governo e políticos, em união suprapartidária, se mobilizaram
para levar à presidente do Brasil um documento tratando de uma série de projetos vitais
ao crescimento da economia mineira. Um documento contendo 16 propostas incluindo obras
de infraestrutura rodoviária, aeroportuária e férrea. Recursos para a preservação
do patrimônio histórico e cultural - bem lembrado neste item o patrimônio sacro da
maior importância para o Brasil, pela quantidade e riqueza artística, fruto da fé
cristã, investimentos na Refinaria Gabriel Passos e definição de marco regulatório
e tributário para o setor de mineração.
Esse documento para unir nosso Estado,
“Agenda de Convergência para o Desenvolvimento de Minas Gerais – Respostas das entidades
empresariais, governo do Estado e base legislativa”, é uma elaboração técnica, política,
legitimando a nossa autoridade de nação que merece respeito. Merece mais também na
educação, na saúde e na habitação, pensando a importância singular de cada cidadão
mineiro para o crescimento Brasil.
Os anúncios recentes de investimentos
em Minas, por parte da União, histórica e politicamente retardados, por descompassos
técnicos ou outros, não podem significar um afago que aquieta. Ou uma promessa que
estica a paciência para esperar, ainda mais, o que já deveria ter chegado. Assim,
das mais altas esferas, passando pelos construtores da sociedade pluralista, especialmente
incluídos os formadores de opinião e os detentores de significativos poderes de decisão,
até as camadas mais populares, é preciso repassar, permanentemente, os capítulos que
compõem esse tratado intitulado “Minas merece mais”.
O concerto entre a
eficiência da gestão que desafia o Estado, colocando-o em fileiras de exemplaridade,
a pujança do mundo empresarial, os governos todos, as instituições todas e os brios
cidadãos de cada um, tem força para despertar, cada vez mais, esse gigante que se
chama Minas Gerais.
Na verdade, a autoridade para reivindicações se configura
quando se confrontam os números e os dados que definem o que é Minas Gerais e seu
lugar singular na capacidade de contribuir para o crescimento da economia brasileira,
bem como sua riqueza indispensável como força cultural e política. A posição de Minas
Gerais no mapa da economia brasileira, sua localização geográfica estratégica, suas
riquezas minerais e ecológicas, a força de sua história política e religiosa tecem
uma compreensão que faz sentido pensar que “Minas merece mais” para colocá-la, sempre
mais, no contexto exigente e inadiável do desenvolvimento integral.
“Minas
merece mais” porque tem propriedades que tocam a mais importante reserva de um povo,
sua cidadania. Nascida e cultivada no jardim da liberdade, nos canteiros da fé cristã,
nos recônditos da familiaridade, a cidadania mineira aponta para reservas ricas de
comportamentos, tradições e valores. Reconhecer que “Minas merece mais” significa
renovar o próprio empenho cidadão, nas instâncias institucionais, nos contextos da
vida cotidiana e familiar, fecundando a autoestima, despertando sempre mais para a
grandeza dessa terra, abrindo os olhos para o futuro, construindo um presente à altura
da vocação e da história política, cultural e religiosa do estado. A consciência de
que “Minas merece mais” agrega ganhos políticos, valores humanos e cristãos.
Que
a alegria de ser do mineiro e o empenho para que se desdobre a força de nossas riquezas
possam construir um novo tempo para Minas, para o Brasil, especialmente para os que
estão fora dessa cidadania, por exclusões ou preconceitos. Minas merece mais.
Dom
Walmor Oliveira de AzevedoArcebispo metropolitano de Belo Horizonte